A Venezuela experimenta uma grave crise econômica que se mistura e alimenta a instabilidade politica. Governo e oposição radicalizam o discurso, afastando o bom senso e inviabilizando o entendimento e a negociação para lidar com desorganização da economia, numa marcha da insensatez. Com inflação de 56% ao ano (mais alta taxa do planeta), desabastecimento, mercado negro, e insolvência externa, cresce a insatisfação da população, reforçando a oposição e exigindo medidas drásticas do governo na gestão macroeconômica. As manifestações de rua de chavistas e opositores mostram uma cisão profunda na sociedade venezuelana que não pode ser ignorada ou escondida com os velhos chavões e acusações ao imperialismo e à “direita fascista”. O enfrentamento da crise econômica na Venezuela pode exigir medidas e decisões contrárias ao bolivarianismo, abandonando o controle burocrático e ineficaz de preços, reestruturando os gastos públicos para conter o déficit, e negociando financiamento externo para deter a sangria de divisas. Parece improvável que o presidente Maduro queira e que tenha o apoio da sua base política para esta reorientação política que, além do mais, deve ampliar, no curto prazo, a insatisfação da sociedade. A oposição poderia apoiar uma política econômica de emergência, mas não parece disposta a poupar e, digamos, salvar o mandato do presidente Maduro. Está formado o impasse e aberto o caminho para o confronto que pode levar o país ao desastre, seja quem for o vitorioso. Ou melhor, não há vitorioso mas a Venezuela será a derrotada.