“Copa das copas” é um exagero ufanista da Presidente. Mas, até o momento, a Copa no Brasil tem sido um inquestionável sucesso. Eventuais falhas na logística não comprometeram em nada o funcionamento perfeito dos jogos, a presença em massa da torcida enchendo os estádios e a movimentação de visitantes de todos os países, especialmente nossos vizinhos da América Latina. As manifestações contra a Copa sumiram e os brasileiros vestiram a camisa com entusiasmo, mesmo que a seleção ainda não tenha encantado, excetuando o brilhantismo de Neymar. O que esta copa tem de mais peculiar são grandes surpresas, inesperados resultados no “peneirão” que define as 16 seleções que passam para as oitavas de final. A eliminação de algumas das seleções europeias mais credenciadas – Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal – parece mostrar uma tendência de equilíbrio crescente no nível e qualidade das seleções, permitindo que países sem tradição destronem os grandes times europeus. Os mais eufóricos afirmam que esta se tornou agora a Copa das Américas. Será? Na verdade, a esmagadora maioria dos jogadores que disputam a Copa pelos seus países, incluindo estes países que surpreenderam, joga mesmo na Europa. Muitos deles são formados e preparados por diferentes times europeus, refinando sua técnica, reforçando seu talento, ganhando massa muscular e preparo físico longe das suas pátrias. Isso vale para o Brasil, com raros dos jogadores da seleção jogando no país. Mesmo com reanimado sentimento nacional demonstrado pelos jogadores latino-americanos ao toque dos hinos nacionais, seu mundo futebolístico continua sendo a Europa, e logo estarão de volta para disputar os valorizados campeonatos nacionais europeus. Assim, não seria exagero dizer que esta parece mais ser uma Copa de jogadores dos times europeus.

Editorial