Cena do filme The Hurt Locker – Kathryn Bigelow.

Cena do filme The Hurt Locker – Kathryn Bigelow.

Em janeiro começa o mandato do novo presidente da República eleito nestas eleições. Independente de quem ganhe a confiança do eleitorado, o futuro governante do Brasil vai ter que desarmar algumas complicadas armadilhas que foram plantadas nos últimos anos e que ameaçam o futuro do país. A primeira armadilha reside nas contas públicas, que vêm acumulando déficit há vários anos, alimentando a inflação e aumentando a dívida pública, resultado de um persistente crescimento do gasto corrente público acima do aumento do PIB e da arrecadação. Nos oito meses deste ano, a receita cresceu 6,4% enquanto as despesas subiram 12,6%. Quem administra um orçamento familiar deve imaginar onde vai dar este descontrole dos gastos. A aposta do governo Dilma Rousseff no consumo, tanto da população quanto do governo, montou uma armadilha delicada que está levando a um alto déficit público e ao endividamento das famílias. Outra armadilha terá que ser desarmada no início do governo, com provável aumento da pressão inflacionária: realinhamento dos preços e tarifas de combustível e de energia elétrica, estrangulados pelo governo atual para esconder o descontrole dos preços e comprometendo o desempenho das empresas, sua capacidade de investimento e, mais uma vez, estimulando o desperdício de energia. Economia estagnada há três anos, com provável crescimento zero em 2014; investimentos na lona; indústria deprimida e sem competitividade; e pressões inflacionárias reprimidas artificialmente: esta é a herança (maldita?) que será entregue ao futuro presidente da República. Aos simples mortais cabe escolher, pelo voto, o piloto que vai conduzir o Brasil nos próximos quatro anos e os especialistas em desarmar armadilhas.