As políticas sociais possivelmente não serão destaque no debate político dos dois candidatos a presidente da República – Dilma Rousseff do PT e Aécio Neves da oposição – porque existe concordância entre eles e o eleitorado exige a sua manutenção. O que mais provavelmente vai dominar o confronto político-eleitoral entre as duas candidaturas é a política econômica e os caminhos para reequilibrar a economia, aumentar a produtividade e a competitividade da economia brasileira. A discussão entre representantes das duas candidaturas – ministro Guido Mantega, pela presidente Dilma, e Arminio Fraga, porta-voz de Aécio (programa de Miriam Leitão na Globonews desta quinta-feira) – mostrou que a divergência começa no diagnóstico: o ministro culpa a crise mundial pela estagnação da economia brasileira e por parte das pressões inflacionárias, enquanto Arminio Fraga aponta causas internas, principalmente o desequilíbrio fiscal, o controle artificial da inflação, o equivocado modelo de regulação, e a chamada “contabilidade criativa” que gera desconfiança nos agentes econômicos. Segundo ele, o mundo está se recuperando e o Brasil continua patinando (o crescimento do Brasil, nos últimos anos, teria sido 2 pontos percentuais abaixo da média da América Latina). Na política macroeconômica, enquanto Guido Mantega defende o consumo como fator central do crescimento, Arminio Fraga insiste na necessidade de promover os investimentos para que a expansão da economia não seja acompanhada de inflação e lembra que a taxa de investimento do Brasil hoje é muito baixa (em torno de 16% do PIB). Mantega disse que se Arminio Fraga for ministro vai implementar um ajuste fiscal com corte dos gastos, elevação dos juros e retirada dos subsídios do BNDES, levando ao terceiro ponto de discórdia. Na opinião de Fraga, o governo não deve subsidiar as empresas, que só voltarão a investir se houver uma efetiva redução do custo Brasil, por maior que sejam os subsídios. Arminio Fraga não comentou a acusação de Mantega de que faria um ajuste fiscal mas, num certo momento, criticou a orientação expansionista do governo Dilma sinalizando para uma gestão mais contida dos recursos públicos se Aécio Neves for eleito presidente. Será?
(*) Frase de James Carville, responsável pelo marketing eleitoral de Bill Clinton na campanha de 1992 contra George H. Bush (pai), que fundamentava seu discurso no triunfo na primeira Guerra do Golfo enquanto o país submergia na recessão. Clinton venceu as eleições batendo na tecla da economia.
Aqui se afirma que não há polarização no discurso de Aécio e Dilma quanto aos programadas sociais. Realmente, qualquer candidato que pregasse a redução de programas sociais não angariaria votos para competir no cenário eleitoral. A questão é a orientação econômica em relação a eles. Distribuir renda não parece ser a orientação seguida pelo consenso de washington, pelo neoliberalismo. Pelo contrário, a orientação econômica neoliberal pugna pela flexibilização das normas trabalhistas (como legislação trabalhista é piso, flexibilizar é precarizar… ou não ?), diminuição de custos com trabalhador. Os programas sociais, que demandam um estado grande, não seria uma pedra no sapato — necessária, para conseguir apoio popular — na política econômica do Aécio ?
Caro Rene
Muito antes de Lula e do PT, o expoente máximo do neo-liberalismo contemporâneo, Milton Friedman da Universidade de Chigado, defendia a distribuição de renda como uma forma de moderar a pobreza. Os que pretendem realmente acabar com a pobreza, o que era exatemente o interesse de Fridman, apostam em mudanças estruturais na economia e na sociedade e não em distribuição de renda. Sem questionar a necessidade de utilizar este recurso, penso que a distribuição de renda não acaba e apenas modera a pobreza. Isto sim é neo-liberalismo puro.
Cada um vê o que quer enxergar. Assisti, definitivamente, outra entrevista. Armínio levantou que a crise financeira global acabou faz 5 anos (enquanto isso, FMI e União Européia dizem que a crise ainda vai durar, além das expectativas). Guido me pareceu mais sólido do que Armínio. Há sim, necessidades de mudanças, mas não acredito no que armínio diz ser o papel mínimo dos bancos estatais, pois esse mesmo já disse: https://www.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fm.soundcloud.com%2Fjair-silva-31%2Farminio-fraga&h=uAQEpzYDl
Dificilmente será apresentado ao grande público apaixonado pela ideia de eleger seu candidato preferido uma noção clara do que acontece hoje no país e o que poderá ser feito após a eleição. Dificilmente porque o brasileiro não quer saber tecnicamente como conduzir a economia e as contas públicas , ele quer a promessa mais bonita, mais bem engendrada. “Engendrada” sim, esse o termo correto, dadas as circunstâncias atuais, pois a nação vive um clima de euforia marketeira onde valem mais as expressões contundentes do que verdades que se possam averiguar criteriosamente. O brasileiro tornou-se um eterno torcedor de time de futebol, e a despeito dos que dizem não gostar de futebol, mesmo esses, torcem inflamadamente pelo seu candidato eleito como se não pudesse haver nenhum outro melhor e mais capaz.
Discutir a nossa economia, ou a coisa torta em que ela foi convertida, seria um passo interessante neste processo eleitoral. Alguém acredita que isto seja possível? Se fosse seria mais ou menos assim: O Brasil abandonou o tripé econômico que garantiu a estabilidade da moeda e da inflação no governo FHC, o que os petistas negam peremptoriamente. A China foi reconhecida pelo governo petista como economia de mercado e inundou o Brasil com seus produtos baratos até que a indústria nacional simplesmente tivesse que procurar outros nichos de mercado porque o da China ninguém tasca. Detalhe, a China tem o grosso de sua mão de obra escrava e os direitos trabalhistas, lá, não se criam, diferentemente do Brasil onde o atual governo chegou ao poder justamente com essa bandeira; trabalhador valorizado! As contas públicas aumentaram substancialmente e o povo não se deu conta ainda de que vai pagá-la cedo ou tarde. Trocamos uma dívida externa que incomodava por uma dívida interna que não tira votos porque o cidadão nem a reconhece, mas, ao cabo de alguns poucos anos até a dívida externa está de volta e agora são as duas na carteira da nação. O PAC e a sopa de letras do governo nunca desempacará com a sangria desatada na gestão das obras que se acumulam sistematicamente até tornarem-se patrimônio morto sem sequer serem inauguradas, mesmo que de fachada como o pretendiam no viaduto que desabou em Belo Horizonte. O que era para ser macro-economia virou plano de captação de recursos para um partido político e as consequências são visíveis; elevação do montante de prejuízos em detrimento de um enriquecimento sorrateiro que atende aos interesses escusos dos atores dessa estrutura muito bem montada.
Discutir os planos da economia nacional com a eterna comparação entre os governos do PSDB e do PT com doze anos de diferença entre eles é um perda de tempo. Qualquer pessoa menos apaixonada sabe disso.
Um time de futebol é para toda a vida, preste ou não! A sociedade não sofre com este radicalismo específico, mas, um gestor público não é um time de futebol. Diga-se ao brasileiro, ele está precisando saber disso.
Obrigado pelo convite…
Mas acho ridículo esses debates entre presidenciáveis…Quem já viu um- provavelmente – já viu todos!
Aliás, esse dueto entre os juros estratosféricos para diminuir a demanda, diminuindo o consumo e tornando irrelevante a produtividade. E sem produção ou repassando-a de novo à class social detentora do poder econômico,,,
Gostei do comentário de Neto Leite, o brasileiro não sabe falar sobre economia, eu não sei, e nem fomos ensinados. Portanto, mostra-se a necessidade urgente de uma boa educação para termos bons políticos, e que tenhamos bons formadores de opiniões, a mídia A ou B que temos, com exceções, é o retrato desse desconhecimento.