A ministra do STF, Rosa Weber, vai aposentar-se. É de se lamentar. Deixa o legado de um comportamento sereno, discreto, como seria de esperar de todos os seus pares. Por surpreendente que possa parecer, o postulado mais cediço, em relação ao comportamento dos juízes – o de que os magistrados só devem falar nos autos dos processos – tem sido escandalosamente descumprido pelos membros da nossa Suprema Corte. E ela é a honrosa exceção.  Independente em seus julgamentos, nunca se sentiu “amarrada” aos que patrocinaram a sua indicação, como temos observado de tantos que assim se comportam, a cada votação de matérias relevantes.  E, ao anunciar seu afastamento compulsório, teve o escrúpulo de pautar tema de grande relevância, antecipando o seu voto: a descriminalização do aborto. Assim também no Tribunal Superior Eleitoral, com a questão da participação das mulheres juízas nas listas de promoção.  Só nos resta esperar que sua substituição seja feita por alguém à sua altura, o que, infelizmente, “pelo andar da carruagem”, não se afigura muito provável. Obrigado, Ministra Rosa Weber, tenha seu merecido descanso. E podemos deixar aqui um recado aos seus pares, do veterano Rui Barbosa: “Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de Estado, interesse supremo, como quer que te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos!  O bom ladrão salvou-se, mas não há salvação para o juiz covarde”.