O Museu da Língua Portuguesa é um desses patrimônios da nossa cultura que merecia ser visto por todos os brasileiros. Felizmente, não foram poucos os que tiveram esse privilégio. Só nos três primeiros anos, desde a sua inauguração em 20 de março de 2006, mais de 1,6 milhão de pessoas visitaram o espaço, consolidando-o como um dos museus mais visitados do Brasil. A frequência estudantil foi talvez o seu aspecto mais notável, trazendo grande benefício para o curriculum escolar. O acervo fixo do museu continha uma linha do tempo de 33 metros que reconstituia todo o caminho da língua portuguesa, africana e ameríndia até se encontrar no Brasil; uma exposição de fotografias suspensas; um filme de 10 minutos sobre a origem da língua portuguesa; um piso com poemas; e uma grande tela onde eram exibidos filmes sobre a relação da língua portuguesa com o cotidiano. Além disso, o museu notabilizou-se pelas excelentes exposições de expoentes de nossa literatura. A última, sobre Câmara Cascudo, ainda estaria exposta até 14 de fevereiro de 2016, não fosse o incêndio de grandes proporções que o atingiu nesta segunda-feira dia 21. Uma perda que, felizmente, poderá ser reparada – só não se sabe quando. O governador de São Paulo se manifestou prontamente prometendo a restauração do prédio, que possui seguro contra incêndio da ordem de R$ 45 milhões. E todo o acervo era virtual, o que possibilita a sua recuperação após a reconstrução do edifício. A questão que se coloca nesta, como em outras tragédias brasileiras, como a de Mariana há poucos meses, é a cotidiana imprevidência brasileira, seja dos empresários, seja do poder público. O Museu da Língua Portuguesa não tinha o Alvará de Funcionamento da Prefeitura de São Paulo nem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros.