Eli S. Martins(*)

Personagem do filme V de Vingança.

Personagem do filme V de Vingança.

A culpa é da Lava Jato?

Segundo Lula, a Lava Jato deveria parar porque está prejudicando o País. A economia está ruim não é porque a Dilma fez um erro atrás de outro. A culpa é do juiz Sergio Moro. Está decretado no país que não se deve mais combater a corrupção. Ainda bem que o homem não é mais o presidente, disse minha faxineira.

O que divide o País

O Data Popular descobriu que os mais pobres não foram às manifestações porque, primeiro, as consideram “coisa de rico”; depois, porque são totalmente descrentes dos partidos e do sistema político.

Golpe? Que golpe?

O esquerdista do bairro entrou ontem no bar efusivo. Vejam a nota de meu partido, gente (MES do PSOL). O que ela diz? Uma só coisa: Há um golpe sim em preparação – um golpe contra a Operação Lava Jato na união dos corruptos novos, e amadores, e os corruptos antigos, e profissionais.

Direita ou esquerda

Alguns deputados que demandam um duplo impeachment (Dilma e Temer) dizem que não são de direita, o governo é que é de direita. Será que povo se importa com isso? Entende isso? Meu amigo, que é piloto de aviões particulares, um dia desses me explicou que direita é quem está no poder e esquerda é quem está na oposição. Por isso ele diz que o PT é de direita e Bolsonaro esquerda. Samba do crioulo doido.

Não poupam nem a semana santa

Minha vizinha costureira diz que não aguenta mais, pois, em plena semana santa, se deparou com a notícia de que “os 12 representantes que o Rio tem no diretório nacional do PMDB – entre eles, Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Eduardo Paes – votarão, juntos, na reunião de terça-feira, em Brasília, pelo desembarque do partido do governo da presidente Dilma Rousseff”.  O pessoal é esperto, sai do barco que os alimentou por mais de cinco anos no momento em que ele começa a naufragar.

Legalidade, quem decide?

Jânio de Freitas, como outros jornalistas, jornais, políticos e advogados, elevaram-se à categoria de juízes: eles decidem o que é, e o que não é legal, conforme suas concepções e interesses. Afirmam, primeiro, que o juiz não tinha autorização de liberar a escuta; segundo, que não tinha autorização de elevar o sigilo sobre as mesmas; e, finalmente, que, sendo a escuta suspensa em torno das 11hs, nenhuma outra poderia ser feita posteriormente. Prefiro a opinião do Procurador Geral que afirma em TV que o juiz Moro tem atribuição de autorizar a escuta, que a elevação do sigilo é uma prática utilizada e jamais contestada pela Operação Lava jato e, finalmente, que a escuta cessa, não na hora em que o juiz decreta a suspensão, mas, na hora em que a empresa operadora das escutas recebe a notificação. Meu vizinho confeiteiro disse que prefere opinar que esta decisão cabe ao STF e não a um jornalista ou outro. O perigo em tempos de crise é que todos querem ser donos da verdade, substituindo as instituições.

Lava Jato

Segundo meu guru, Elizardo, os políticos unem-se contra a Lava Jato. Este é o objetivo comum. Fora Moro! Uma palavra de ordem na boca dos petistas aos poucos aparece na boca de outros partidos.

Dinheiro, dinheiro

Segundo alguns parlamentares, o governo está se livrando do impeachment, por meio de um ato muito simples e comum na politica brasileira e, particularmente, neste Congresso: money.

Calma, gente

Um menino de 8 anos sofreu bowling na escola; duas sedes do PT foram atacadas; a casa do filho do Teori foi objeto de protesto; um pai coloca desenhos do filho do facebook  desejando a morte de Dilma. Estamos caminhando para nos tornarmos um país dividido e dominado pela intolerância e o ódio.

Arretado

“A primeira atitude que tomo é: cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Cheirou. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa supervisão. Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe”, afirmou o ministro Eugênio Aragão pouco depois de ter tomado posse. Eita lourinho truculento, este. Será que dura? Disse Isabella, minha faxineira. Meu vizinho confeiteiro foi mais interrogativo: “Só aparece incendiário neste país ultimamente”!

Fazer tudo vale?

A ordem dentro do governo é fazer tudo o que for preciso para evitar uma debandada na base governista (FSP, domingo 20/03). Minha vizinha, quando leu esta notícia, tremeu. Por detrás da expressão “Fazer tudo” deve ter muita coisa impublicável.

O inferno está logo ali

Nossa crise está próxima daquela que ocorreu na Argentina, na qual o povo na rua, um certo momento, gritou: “que se vayan todos”. Nem Dilma, nem Temer, nem Lula, nem Aécio têm a simpatia do povo: “que se vão todos”!

E depois?

Povo na rua derruba governo, juiz honesto e rigoroso põe na cadeia corruptos. Mas nem um nem outro constroem alternativas para o País, nem criam novas lideranças. Este é um trabalho da política.

(*) Observador anônimo da política nacional.