Cerca de 80% do total de medalhas (e duas das três medalhas de ouro) conquistadas por brasileiros nas Olimpíadas foram ganhas por atletas das Forças Armadas. No pódio, vários deles prestaram continência quando receberam a medalha e enquanto subia a bandeira brasileira e tocava o hino nacional, mesmo que o Comitê Olímpico proíba manifestação política ou religiosa nas competições. Rigorosamente, a grande maioria desses medalhistas não é exatamente de militares desportistas, são atletas que foram acolhidos pelo Programa de Alto Rendimento do Ministério da Defesa, criado em 2008 com o propósito de preparar atletas para as grandes competições internacionais. Os atletas selecionados recebem soldo de terceiro sargento, contam com serviços de saúde e ainda têm acesso às instalações militares para treinamento, bastando, portanto, algum talento e muita disciplina para a formação de grandes atletas. Tudo que os atletas precisam: patrocínio e disciplina. A iniciativa é altamente louvável, e não apenas pelos resultados das medalhas nas Olimpíadas, mas principalmente pela mudança de vida de centenas de jovens que, sem este apoio das Forças Armadas, poderiam ter afundado na ociosidade e na marginalidade, como os milhões de brasileiros que não trabalham nem estudam. Em todo caso, é muito pouco, e o Programa não tem exatamente um objetivo social. Por isso, Marcos Goto, treinador do medalhista Arthur Zanetti, disse que “gostaria que os militares fizessem um trabalho de base (…) apoiar atleta de alto nível é muito fácil. Quero ver apoiar a criança até chegar lá. O dia em que os militares fizerem escolinhas e apoiarem iniciação esportiva, apoiarem treinadores, aí vou tirar o chapéu”. Claro que esta não é missão das Forças Armadas. Mas, diante do drama de milhões de jovens vulneráveis que não trabalham nem estudam, todas as instituições do Brasil tinham que se mobilizar para oferecer alternativas e incentivar os estudos e os esportes. Incluindo as Forças Armadas. E mesmo sem pensar em Olimpíadas.
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O orçamento das Forças Armadas não é ilimitado. Vão mendigar para os esquerdistas que elegeram, eles lhe devem promessas irreais.
Não se discute o mérito do patrocínio de pessoas, que sem recursos financeiros para se manterem, mas com grandes habilidades, podem se tornar atletas. O que vejo aqui, é que a quem caberia essa missão seria o Ministério do Desporto ou Esportes, que é específico, e não para o Ministério da Defesa. Se o propósito fosse o de aprimorar o efetivo, por que não investir nos próprios militares, que deverão ser muitos a terem habilidades atléticas? Como as verbas do Ministério da Defesa são escassas, a quem caberá a responsabilidade pela manutenção de todas as instalações desportivas que restarão? Foram veiculadas na imprensa que soldados tinham que sair dos quartéis na hora do almoço pois que não haveria almoço. Os recursos militares estão sucateados, com veículos e aviões “desatualizados”. Será esse mais um legado das Olimpíadas? Quem irá transformar os sonhos mirabolantes de um prefeito, que às vezes beira à grosseria, ao se manifestar publicamente? Segundo o próprio, muitas das construções serão desmontadas e transportadas para outros lugares, como legado. Nos projetos dessas estruturas foi contemplada a possibilidade de poderem ser as estruturas desmontadas e remontadas? Os custos para isso foram previstos? São muitas as dúvidas sobre o efetivo legado das olimpíadas, e para quem, efetivamente, esse será deixado. Quanto às Forças Armadas, torço para que essas sejam efetivamente armadas e capacitadas para enfrentar os grandes problemas existentes, com facções bandidas transformando setores das cidades em países, com leis próprias e “governo” também próprio.