A política no Brasil virou um grande negócio, e o mundo político brasileiro está contaminado pela corrupção. A operação Lava Jato está aí para confirmar e, principalmente, para perseguir os culpados, de modo a acabar com a impunidade. Parece haver um consenso em relação a este ponto, embora alguns políticos queiram pairar acima de qualquer julgamento, e tentem desqualificar os juízes, para esconder seus crimes. No entanto, a divulgação, pela imprensa e pelas redes, das delações da Odebrecht, nesta semana, joga no mesmo balaio os políticos e partidos com financiamento das suas campanhas eleitorais, e os que receberam propina, com pagamento por contratos ilegais e por favores nas decisões executivas e legislativas. A generalização confunde, mais que esclarece, jogando uma cortina de fumaça de proteção dos criminosos no velho estilo “são todos farinha do mesmo saco”. Na verdade, os nomes citados foram classificados e separados pelo ministro Edson Fachin de acordo com as evidências e o tipo de envolvimento. Alguns processos foram simplesmente arquivados, como o do ministro Raul Jungmann, vários foram devolvidos à Procuradoria Geral da República para análise e para nova manifestação, entre os quais se incluem os do deputado Jarbas Vasconcelos e do ministro Roberto Freire. E mesmo entre as dezenas de inquéritos abertos existem dois tipos bem diferentes: mais da metade dos deputados e senadores acusados respondem por falsidade ideológica eleitoral, eufemismo para Caixa 2 (entre os quais se incluem os deputados Betinho Gomes, Vicentinho e Nelson Pellegrino, e os senadores Jorge Viana, Cássio Cunha Lima e Marta Suplicy), completamente diferente do restante, que deve responder por crime de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Essa diferença é relevante também para os que não têm foro privilegiado: segundo as informações, enquanto a ex-presidente Dilma Rousseff teria apenas recebido financiamento para a campanha eleitoral, Marcelo Odebrecht afirma que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva teria sido beneficiado com propina, compra de imóveis e transferência de milhões de reais como pagamento de supostas palestras. Misturar alhos e bugalhos é injusto, e pode provocar um perigoso processo de demonização da política e de todos os políticos, com um enorme prejuízo para a democracia, e o risco de instabilidade e paralisia institucional.
Postagens recentes
-
A turbulência de céu clarodez 20, 2024
-
Balanço positivo de fim de anodez 20, 2024
-
Venezuela: suspense numa autocracia caóticadez 20, 2024
-
Chuquicamata, Patagônia, Índios Alacalufesdez 20, 2024
-
Com a Palavra, os Leitoresdez 20, 2024
-
Ceia Natalina, Proust e Polarizaçãodez 20, 2024
-
Última Páginadez 20, 2024
-
O acordo que pode transformar o Brasildez 13, 2024
-
Um islamismo com temperança e liberdade?dez 13, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- HOMERO FONSECA dezembro 22, 2024
- Elisabete Monteiro dezembro 22, 2024
- helga hoffmann dezembro 17, 2024
- sergio c. buarque dezembro 17, 2024
- sergio longman dezembro 15, 2024
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Concordo. Como diz o ditado “o diabo está nos detalhes”. Não só é injusto como não contribui para uma solução essa tendência simplista de achar que é tudo a mesma geleia geral.