Editorial

Na medida em que se aproximam as eleições, cabe-nos alguma reflexão sobre como se organizam os cidadãos que se habilitam à conquista dos postos eletivos, em nosso país.  Quantos partidos políticos temos?  Mais de trinta.  E que concepções programáticas os diferenciam?  Para a grande maioria, não se sabe.  Como explicar, portanto, as coligações feitas, seja a nível local, nos mais de cinco mil municípios brasileiros, em que esquerda e direita podem andar de braços dados, seja no plano nacional, em que entidades amorfas e heterogêneas, como o “centrão”, sobrepõem-se às desgastadas e irrelevantes siglas partidárias?  Não há como fugir à conclusão de que o que as une são puras conveniências eleitoreiras, abstraídos quaisquer princípios éticos ou compromissos sociais.  O que podemos esperar, enfim, do candidato que sobe ao poder na crista dessa onda turva, que não se sabe o que vem arrastando?  Parece difícil que algum país do mundo tenha uma estrutura partidária como a nossa, que beira o ridículo.  Os partidos têm donos, são comercializáveis e cambiantes.  E os seus membros são efêmeros, há quem registre, em seu currículo, meia dúzia de filiações.  Enquanto não se muda essa situação aberrante – e a mudança não será fácil, pois contraria os interesses dos que dela se beneficiam – como pode orientar-se o eleitor consciente, que procure escolher o melhor para a sua pátria?  Talvez optando por uma escolha individual, independente de siglas partidárias, focada naquele candidato que tenha uma vida pregressa não apenas limpa, mas minimamente coerente, e pautada em princípios de altruísmo e solidariedade para com os seus compatriotas.  No momento, é o que se pode fazer.  Quanto a como será o nosso amanhã, responda quem souber.