As críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro ao programa “Mais Médicos” são, no geral, exageradas e simplistas. Mas a decisão do governo cubano de suspender o programa, de forma unilateral e intempestiva, constitui uma desproporcional e indevida hostilidade e uma agressão diplomática ao Brasil. Embora o contrato do Brasil com Cuba seja o resultado da simpatia ideológica do governo do PT-Partido dos Trabalhadores com o regime cubano, não se pode negar o mérito da cooperação, menos ainda a contribuição dos médicos cubanos no atendimento em áreas não atendidas pelos profissinais de saúde brasileiros. A qualificação profissional dos médicos cubanos tem sido o principal questionamento de Bolsonaro e da comunidade médica brasileira, na medida em que, pelo contrato, os cubanos não estão obrigados à revalidação dos seus diplomas no Brasil. Bolsonaro antecipou na campanha e vinha repetido depois de eleito que pretendia rever o acordo exigindo, entre outras coisas, a revalidação dos diplomas dos médicos enviados por Cuba. Embora seja uma justa preocupação, é importante lembrar que os médicos cubanos são contratados pela OPAS-Organização Panamericana de Saúde (instituição respeitável vinculada à OMS-Organização Mundial da Saúde), intermediária no acordo do Brasil com Cuba. Como uma forma de cooperação internacional, cabe à OPAS atestar a competência profissional dos médicos envolvidos no programa, o que tornaria desnecessário um processo de revalidação interno.
Diante de declarações do futuro presidente brasileiro, Cuba perdeu a serenidade conveniente nas relações diplomáticas, rompendo unilateral e grosseiramente um contrato assinado entre dois Estados. É certo que Bolsonaro vinha anunciando sua intenção de rompimento das relações diplomáticas com Cuba; mas Bolsonaro ainda não é o Presidente da República, e não pode decidir sobre os programas assinados no passado por outros chefes de Estado. Com a retirada às pressas dos médicos cubanos, Cuba não deixou espaço para qualquer negociação com o governo brasileiro que permitisse uma transição capaz de evitar os transtornos da suspensão brusca do atendimento médico à população brasileira. O governo brasileiro está encaminhando uma solução emergencial com a convocação de médicos brasileiros que, se bem sucedida, demonstraria que o Brasil não precisa da cooperação do governo cubano. O mais grave de tudo é que a reação deselegante do governo cubano oferece argumentos e motivações adicionais para que, ao assumir o governo, Bolsonaro concretize sua intenção de rompimento de relações diplomáticas com Cuba. Lamentável resultado da insensatez de brasileiros e cubanos.
“Reação deselegante do governo cubano”??? O que dizer da estupidez, imbecilidade, bestialidade, atrocidade, do futuro governo brasileiro. Se perdemos foi por culpa dos brasileiros. Os cubanos não têm obrigação de ser diplomáticos, educados e bonzinhos depois de serem ofendidos e hostilizados pelo país que já foi parceiro um dia.
Sinto muito pelos brasileiros que serão prejudicados com a saída dos médicos cubanos, mas eu no lugar deles faria a mesma coisa.
Luciana, estou falando de relação entre Estados e até primeiro de janeiro, o representante do Estado brasileiro chama-se Michel Temer. A imbecilidade e bestialidade de Bolsonaro, presidente eleito que, no entanto, não é o chefe de Estado, não justifica o rompimento brusco e unilateral de um contrato entre Estados que, além do mais, provoca uma desorganização no sistema de saúde. Cuba não foi hostilizado pelo Brasil, como você diz, já que Bolsonaro não fala ainda pelo país. No meu artigo, eu defendo o programa Mais médicos contra afirmações do próprio Bolsonaro. Mas não posso deixar de registrar que o governo cubano reagiu como se fosse militante do PT que não aceita o resultado das eleições. E que confunde relações entre Estado com relação política.
Que o futuro Presidente é mais grosso do que papel de embrulhar pregos, não resta a menor dúvida. O que espanta é, e aí eu concordo com o artigo,a rapidez The Flash do governo cubano. Com tamanha rapidez fica a dúvida: será que no meio dos médicos eles incrustaram enfermeiros, auxiliares de enfermagem, olheiros? Eu sempre me perguntei porque eles não calavam a boca dos críticos apresentando os diplomas, por que?
Não me desgostava a presença dos paramédicos cubanos aqui. Nem tudo na medicina é complexo e insanável, pelo contrário. Muitas vezes conselhos básicos dão ao cidadão um senso de importância e de autoestima até então desconhecidos. Tirar a pressão, auscultar os pulmões, mandar tomar caldo de galinha e caminhar meia hora por dia, podem ter grande valor quando ditos a uma pessoa que nunca teve um atendimento minimamente decente na vida. Os cubanos faziam triagem e, até onde sei, não mataram ninguém. Para eles era bom negócio: davam aula de salsa, comiam bem, ganhavam um capão para botar na panela, privilégio impensável em Cuba. Sim, Cuba fez muito mal em se abespinhar e retirá-los daqui. Como dito, isso pretextará que a turma mais obtusa bata pesado e que cravemos um retrocesso diplomático. Tem muito amador solto por aí. Pena. E Havana perdeu uma mesadinha nada ruim. Cuba pode ser uma prisão, e é. Mas até que tem seu brio. Isso tampouco me desagrada.
Alterações no Programa Mais Médicos não eram, neste momento, prioridade do governo brasileiro na transição em que estão sendo formuladas as reformas prioritárias a serem propostas e executadas no governo que começa 1º de janeiro de 2019. Quem decidiu, sem aviso prévio, chamar de volta a Cuba imediatamente os médicos cubanos empregados no Mais Médicos foi o governo cubano. O que o Presidente eleito Jair Bolsonaro escreveu no twitter semanas atrás já vinha sendo pedido há muito tempo por diferentes setores da sociedade e vários dos próprios médicos cubanos: contratos individuais para os médicos cubanos, como são para todos os demais, ao invés do contrato coletivo com a Organização Panamericana de Saúde (o que evidentemente impediria a apropriação, pelo governo cubano de mais de 2/3 do que o governo brasileiro paga a cada médico cubano); permissão para trazer a família; e confirmação do registro de médico pelos exames do Revalida.
Talvez o Presidente eleito não devesse ter tocado no assunto, ao estilo de um Trump tropical, devesse ter esperado tomar posse e depois apresentar um plano para normalizar a condição dos médicos segundo princípios de isonomia. O tuíte por si só não indicava que as mudanças seriam feitas de repente. Mas é claro que mais cedo ou mais tarde a normalização teria que vir. Cuba rompeu de forma precipitada o acordo que, prorrogado por 3 anos em 2016, venceria no fim do ano, ignorando que isso poderia causar prejuízos às populações atendidas. Infelizmente tinha razão o futuro Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta: o governo cubano não tratou o acordo de participação dos cubanos no Mais Médicos como um acordo com o governo brasileiro, e sim, como um acordo entre o PT e o governo cubano. Ainda bem que o Presidente Temer está tomando medidas urgentes para enfrentar a emergência.
Insisto, eu sou pior do que São Tomé. Sou mais desconfiado do que peru em véspera de Natal. A OPAS ou o governo cubano ou quem quer que seja deveria apresentar o diploma dos médicos do Mais Médicos. Apresentar as cadeiras frequentadas em sala de aula, os anos estudados, as notas, a experiência, o tempo de formado etc
Já pensaram o sujeito chegar no bloco cirúrgico e dizer: sou médico. -Pode entrar, tá aqui o bisturi. Mãos a obra…
Ou: -Eu sou Físico Nuclear! -Que legal! Jogue uns nêutrons ali naqueles plutônios!
Era super necessário a apresentação dos diplomas dos médicos cubanos, não acham?