Palocci ganhou. Com sua delação será desaferrado. Prisão em casa, podendo sair para trabalhar. A dúvida em Brasília é: o homem disse tudo? Há quem aposte que não, pois será uma boa moeda para ganhar outras moedas.
O Lorenzoni disse que o Governo Bolsonaro vai ter uma base de apoio com mais de 350 deputados. Por quanto tempo? – pergunta meu vizinho da esquerda. Pelo tempo que durar a popularidade do homem, ora. Que depende dos resultados do combate à corrupção, à violência urbana e, sobretudo, do desempenho da economia. Dura um ano? Maria, a costureira do bairro, reza para que sim.
A coisa mais difícil para o PT é fazer autocrítica. A reunião nacional do partido na semana passada começou com um documento em que se dizia que o governo da Dilma tinha sido um desacerto dos infernos. Mas, no PT, quando alguém fala no assunto, é um destampatório só. Dá coceira no pé do ouvido e alergia no cangote. O documento sumiu.
Iniciou a contagem regressiva do “quadrilhão do MDB”. Moreira Franco, Eliseu Padilha e Michel Temer estão à frente, e devem enfrentar sucessivos processos. Segundo meu vizinho da direita: “Aqui em Brasília vai ser dia de festa quando os ‘ome’ ingressarem no xilindró”. Será que embrenham?
Em relação à prisão de Pezão, o vice-governador, e agora governador, Francisco Dornelles declarou que julgava uma violência. Maria, a costureira que mora em minha rua, reagiu: “Violência é o policial derrubar a porta do favelado às duas da manhã, e na frente de sua mulher e filhos matá-lo”. Meu vizinho da esquerda completou: “Por que este pessoal só acha que é violência quando se trata dos ricos e corruptos”? E chegou minha vez de finalizar: “Solidariedade de classe, meu caro Watson”.
Aliás, solidariedade de classe é o indulto de Temer, que arrisca soltar Eduardo Cunha. Um sinal para ser solto mais tarde? O time do “deixa disso” só cresce.
A Lava Jato leva batelada de um lado e avança de outro. Está chegando no ninho dos tucanos. Devagarinho, sem pressa, mas sempre.
O fisiologismo tem guarida ad aeternumem terras tupiniquins. Renan já jantou com Paulo Guedes. Foi na terça, 27. Alguns dizem que ele jantou o Paulo Guedes. Mais uma vez presidente do Senado? Quem viver, verá.
A cada semana a Lava Jato prende um corrupto ou acusado de. E a esquerda (esquerda?), protesta contra. Antes quem chiava era a direita. Por que mudou?
Começou o movimento contra a suspensão do auxílio moradia. A procuradora geral diz que o MP não entrou no acordo, não foi consultado, portanto não pode sofrer “sacrifício”. Para quem ganha em torno de 30 mil, o auxílio moradia é essencial para sua sobrevivência. Ninguém sabe como os juízes suecos vivem sem este auxilio.
Segundo meu vizinho da esquerda, o homem é meio fraqueiro. Afiançou 15 ministérios e está fechando em 22. Dilma tinha 39, Temer 29. O governo Geisel era mais enxuto: 18. E o de Castelo Branco, ainda mais: 16. E como fazia JK com apenas 13 ministérios? E na época havia o da guerra, o da marinha e o da aeronáutica.
E depois de formar o ministério, Bolsonaro chamou os partidos para parolar. Agora só tem cargo de segunda. Mas alguns políticos dizem que há cargos de segunda que valem mais do que muitos de primeira. Mas não aparecem. Começou o “toma lá, dá cá”?
Tava na janela quando Maria, a costureira, passou com suas compras da feira. “Viu essa, professor? O homem vai fatiar a reforma da Previdência. Mande para ele o livrinho de Machiavel. Malvadeza tem que ser feita de uma vez e logo. Onde já se viu fatiar o sacrifício? A gente come com pachorra o doce, o fel a gente come de supetão”.
O ministro Lewandowski mandou prender um homem que disse o que a maioria do povo brasileiro pensa: O STF é uma ignomínia! Pelo visto não vai ter cadeia que chegue.
“Viu essa, professor”, disse-me o vendedor de pamonha ao passar. O que foi Zé? “A Câmara aprovou a bagunça organizada”. Depois fui entender. A Câmara dos Deputados aprovou lei que permite aos municípios romperem os limites de gastos com pessoal. Eita paisinho ruim, esse, pensei. E apenas o PSL de Bolsonaro e o PSDB do Tarso ficaram contra. E a esquerda, senhores? Rendeu-se definitivamente ao populismo.
Costureira chique essa, lendo Maquiável. Mas como de todos os modos é tudo ficção de um anônimo, vale qualquer coisa.