Segundo jornalista de plantão, os discursos dos novos ministros dividem-se em dois tipos: os discursos de caráter técnico, com propostas e metas claras, como os de Moro e Paulo Guedes, e os discursos da turma da ideologia, como o Ernesto, confusos e antinômicos.
O discurso do discípulo de Olavo de Carvalho, o açougueiro da filosofia, foi repleto de citações as mais variadas. O Ernesto citou de Fernando Pessoa e Clarice Lispector a Marcel Proust e Raul Seixas. Puro eruditismo, diziam os presentes. Meu neto riu: “Que nada, é boçalidade mesmo. Não tem o que dizer, fica pegando frases no Google. A gente tira 10 com esta artimanha”.
Segundo meu vizinho da esquerda, o discurso do Ministro das Relações Exteriores é um monumento à imperspicácia.
Apresentando os novos 22 ministros do governo do capitão, o Poder360comenta que são 7 militares e 6 formados em direito. E conclui com esta fineza: “Nenhum dos ministros tem sóo ensino fundamental ou éanalfabeto”. Maria, a costureira, brincou: “E adianta de alguma coisa? O governo da Dilma também não tinha”.
Na primeira semana do governo Bolsonaro, o que não faltou foi cabeçada, na nova equipe governamental. O presidente foi desmentido pelo secretário da receita do superministério da economia sobre o aumento de impostos, e bateu cabeça com seus ministros sobre a reforma de previdência. Firmino, o vendedor de pamonhas, foi incisivo: “E isso é que ele está com a bolsinha. Imagine quando tirar”.
Depois querem controlar a mídia. Se não fosse ela, teríamos livros didáticos sem referências e com erros ortográficos e gramaticais, segundo decreto do MEC. O ministro da educação, exemplar seguidor do grande mestre, aprendeu e voltou atrás. Como o dirigente do INCRA e a ministra dos direitos humanos, a boba da corte. “Tá virando moda”, segundo Maria, a costureira da vila.
Segundo a imprensa, a presidente do PT, a deputada federal que teve medo de ser senadora, vai à posse de Maduro, aquele que matou a mídia livre, prendeu os políticos opositores e inventou um Parlamento só para si, além de condenar seu povo à fome, como a Coreia do Norte. Meu vizinho da direita está inconformado: “E essa mulher tem ainda a petulância de falar em golpe com o impeachment da Dilma”? O PT adora colecionar erros, não basta ter expulso os parlamentares que votaram em Tancredo, não ter assinado a Constituição de 1988, não ter apoiado o governo de Itamar, ficar contra o Plano Real, opor-se à Lei de Responsabilidade Fiscal e não ter apoiado Ciro, para vencer Bolsonaro.
O ministro da Casa Civil demitiu todos os funcionários terceirizados da sua pasta. Por ironia, vários estão sendo contratados em outros ministérios.
Lorenzoni não gostou nada de o Guedes estar articulando a reeleição do presidente da Câmara dos Deputados. Por sinal, deputado de seu partido, o DEM. Parece que o Bolsonaro está estudando o que Dilma fez para ter um inimigo em frente à “casa do povo”, para não repetir a besteira.
JesséSouza, que alguns denominam de o “Olavo de Carvalho da esquerda”, estáalimentando a bufonaria. Recentemente, declarou que a “culpa da situação do Rio de janeiro éda Globo e da Lava Jato”. A corrupção dos governos e da polícia não tem nada a ver com o pato. Aliás, por diversas vezes Jesséjádeclarou que a corrupção não éproblema relevante. Meu vizinho da esquerda, que émoderno e atinado, não gostou. “Isso desmerece meu time”.
Renan Calheiros, o senador mais suspeito e astuto da República, por vezes tem umas tiradas interessantes. A última foi sua declaração, no twitter, depois da decisão de Marco Aurélio em soltar todos os condenados em segunda instância: “Enfrentar um leão por dia éfácil. Difícil éter que enfrentar anta”. Meu vizinho da direita foi manhoso: “Briga de branco”.
Como disse Firmino, o vendedor de pamonha, os juízes, como os canalhas, não dormem. “Entenda bem, professor, não estou dizendo que os juízes são canalhas, apenas que os dois têm esta característica comum. O STF derrubou o auxílio-moradia e o CNJ já o ergueu”. Fiquei pensando com os meus botões. Depois que li matéria do Correio Braziliense, na qual se afirma que, além dos 39 mil, ou perto, os juízes recebem 20 mil de penduricalhos, entre os quais auxílio-moradia, auxilio- educação e outras cositasmás: “Será”?
O ministro do STF, denominado por Renan Calheiros de “Anta”, resolveu soltar o empresário que mandou matar a filha, já tendo sido julgado e condenado em segunda instância. A Procuradoria Geral demonstrou que ele estava cometendo um erro jurídico crasso, uma necedade, confirmando que Renan tinha razão. A ignorância está se generalizando, que o digam os defensores da teoria de que a terra é plana. Dizem que Olavo de Carvalho concorda e coloca em dúvida se a terra de fato gira em torno do sol. A pouco e pouco, o caminho para a Idade Média está se sedimentando.
Na contramão, o governador do DF resolveu governar com 27 secretarias. Uma delas, criada recentemente, chama-se Secretaria de Atendimento à Comunidade. Maria, a costureira da vila, logo comentou: “E as outras 26 atendem quem”? Ninguém na quitanda quis responder. Mas, o velho Tenório, candango de Brasília, comentou: “Juscelino governou o Brasil com 16 ministérios, dos quais 3 eram para as Forças Armadas”.
Bolsonaro não nega a ninguém, odeia a Globo e a Folha de São Paulo. Iniciou movimento para estrangular a Globo. Os esquerdistas do PT e adjacências o apoiam. Quem ganha é a TV Record, aquela dos evangélicos. Conservadora por excelência. Em breve teremos apenas novelas bíblicas. O velho Tenório, candango da Vila, não se conforma: “Esquerda e direita se unem no retrocesso dos costumes. Vá entender de política”.
Um brasileiro amigo, que acaba de chegar dos Estados Unidos, diz que nossas instituições são mais claras e sólidas do que as americanas. Aqui, toda autoridade pública, segundo a lei 8762/1993, tem que declarar seus bens e respectivas fontes. Trump não declarou nada, e ficou por isso mesmo. Aqui, nepotismo é crime. Nos Estados Unidos, a Casa Branca está repleta de familiares do Presidente. E a Justiça nem está aí. Ainda segundo o amigo, os congressistas de lá são tão corruptos como os daqui, com a diferença de que lá não tem Lava Jato.
O brasileiro adora uma exceção, sobretudo quando se trata do bolso. Começou a fila dos que querem ficar fora da reforma da previdência. Começa com os militares, depois deve incorporar os policiais militares e federais, depois os juízes, depois os auditores, depois os professores. E, claro, sobra para os trabalhadores.
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