O Ministro Sérgio Moro teve o primeiro gesto expressivo para dizer a que veio. Ou melhor, por que resolveu deixar uma sólida e promissora carreira de juiz federal, para assumir um cargo temporário, e demissível “ad nutum”: apresentou ao Congresso seu pacote de leis para tornar mais efetiva a luta contra a corrupção e a violência no país. São dez projetos que estão calcados sobre os que foram propostos ao Poder Legislativo por iniciativa popular, com mais de dois milhões de assinaturas de cidadãos brasileiros, alguns anos atrás. Estes foram inicialmente concebidos pela equipe de Procuradores da República que trabalhou – e ainda trabalha – na Operação Lava Jato, e discutidos por organizações civis em todo o Brasil. Mas ocorreu que, chegado ao Poder Legislativo, o conjunto de projetos foi ignominiosamente mutilado pela Câmara, em sombria madrugada, que pesará sempre negativamente em sua história. E, pelo escândalo produzido, foi dormir nas gavetas do Senado. Agora, a questão volta à pauta, e temos razões para crer que não haverá mais condições de desconhecer, protelar ou descaracterizar as medidas legislativas propostas. Elas são numerosas, mas todas voltadas ´para a agilização da Justiça e a eficácia das ações policiais. Envolvem, entre outras, a formalização em lei da regra da prisão dos condenados em segunda instância, a validação de provas colhidas de boa fé sem as exigências burocráticas hoje prevalecentes, a aplicação do fator “excludente da criminalidade” da legítima defesa também aos policiais, a flexibilização do sistema de audiências, a extensão do instituto da delação premiada à fase anterior ao processo jurídico, sem envolver necessariamente a denunciação de cúmplices, pelo sistema do “plea bargain”, e muita coisa mais. Tudo fruto da experiência vivida pelos jovens procuradores que, ao lado do então juiz Sérgio Moro, deram início a uma nova fase da vida política brasileira e do empenho da sociedade pela moralidade pública no país. Agora, só nos resta esperar que nossos parlamentares ajam como estadistas, sem preocupações paroquiais, e nossos advogados, que têm na OAB um grande referencial histórico de defesa das instituições e dos direitos dos cidadãos, pensem mais no povo esmagado pela violência urbana e escarnecido pela corrupção dos governantes do que no conforto de seus eventuais e pródigos clientes.
Não sei opinar sobre o que ele está propondo como punição. Gostaria de saber sobre medidas preventivas, para evitar crimes que existem em consequência de políticas equivocadas. Como a descriminalização das drogas, por exemplo. Na minha opinião, não tem polícia eficiente que enfrente a violência causada pelo tráfico.
Sem qualquer fé na OAB de hoje em dia.
Puro palanque.
Já se foi o tempo de termos uma instituição séria.
Parece que a política finalmente tomou conta dela.
Acho a OAB uma típica jabuticaba. Em nenhum país a cuja vida institucional eu tenha sido exposto mais de perto, há essa veneração cega pela associação classista de quaisquer profissionais liberais. Jamais entendi porque as posições de advogados sejam mais legítimas e altissonantes do que as de engenheiros, encanadores, eletricistas ou dentistas. Deveria ser o contrário pois para cada advogado virtuoso, haverá outro que abraçará o inominável até por dever profissional. Os tempos heroicos em que a sede gremial foi alvo de atentados e de intimidações criaram uma aura de sacralidade em torno da Ordem e esta beira o patético. Tragada pela política comezinha e sendo uma tribuna de visibilidade para seus titulares (que sonham, na maioria, em defender um empreiteiro, um bicheiro, um mega homicida), acho engraçado o jeito enfatuado e pomposo dessa galera tribal e sensualizada, que não tem pejo em queimar charutos de U$100 , mesmo que os honorários se confundam com dinheiro roubado. País sem graça este nosso. Nosso? Nosso não, deles.
Dourado,
Muito coerente e oportuna seus comentários e posicionamento.
A OAB, de a muito, se tornou uma entidade representativa de uma casta de profissionais oportunistas, que se engalfinham em disputas eleitorais de custos semelhantes aos praticados em eleições parlamentares e, cujos eleitos se refestelam em milionários honorários defendendo todo tipo de marginais – notadamente empreiteiros e políticos! – cuja origem dos recursos está mais do que evidente: fruto de roubos de toda ordem, à coisa pública.
Aqui prevalece a máxima de que “ladrão que rouba ladrão, tem 100 anos de prisão”.