A presidente Dilma Roussef tomou uma decisão correta do ponto de vista diplomático. O adiamento da viagem oficial é uma adequada manifestação oficial de descontentamento do Brasil com espionagem da NSA-National Security Agency dos Estados Unidos, bisbilhotando a correspondência digital da chefe de Estado e da maior empresa brasileira. Do ponto de vista das relações entre os dois países, o gesto brasileiro não vai ter nenhuma consequência mas fica registrada a mensagem simbólica de protesto e indignação com  espionagem. Se não tem efeito sobre as relações diplomáticas, a decisão da Presidente deve ter sim um impacto não desprezível sobre a sua imagem na opinião pública brasileira, apresentada como a presidente que enfrentou o imperialismo internacional diante da agressão à soberania brasileira. O “agressor externo” era o que faltava para apresenta-la como uma estadista e uma líder internacional, o que vai tentar ressaltar no seu pronunciamento nas Nações Unidas. O inimigo externo é sempre um fator de união nacional e, se este inimigo é uma grande potência internacional, como os Estados Unidos, desafiar suas garras pode transformar o político num herói nacional. Neste sentido, a NSA deu de presente ao governo Dilma Roussef o inimigo que faltava para levantar seu prestígio no eleitorado brasileiro. Ao mesmo tempo em que ataca este inimigo ocasional, no seu íntimo a presidente deve agradecer pela indiscrição e incompetência do sistema de espionagem norte-americano.

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