O presidente Jair Bolsonaro continua tomando decisões na contramão da história e com desprezo total pelas advertências de especialistas em relação às suas consequências e aos riscos para o futuro do país. As duas últimas propostas apresentadas ao Congresso pelo presidente – a flexibilização do porte de arma de fogo e a revisão do código de trânsito – são exemplos da arrogânccia de quem governa por impulso, e baseado nas suas duvidosas intuições. Diante de uma situação insuportável de mais de 65 mil homicídios por ano, 72,4% deles por arma de fogo, que responde por 10,4% de todas as mortes no país, o presidente reage propondo facilidades para o porte de armas de fogo. O presidente ignora estudos que demostram a existência de uma correlação direta entre número de armas de fogo e homicídios, porque, na sua arrogância, o que ele acha é o certo e o verdadeiro, ignorando completamente as evidências e as análises rigorosas dos especialistas. Achando pouco o fomento à violência pela liberação de armas de fogo, nesta semana, o presidente resolveu contribuir para aumentar a mortalidade no trânsito. Cabe aqui lembrar que homicídios e mortes no trânsito são duas das principais causas de morte no Brasil. Diante de um quadro dramático de 37 mil mortes no trânsito e cerca de 600 mil sequelados nos acidentes a cada ano, o presidente prefere flexibilizar as punições, e mesmo as exigências de controle do trânsito, porque, simplesmente, está incomodado com a chamada “fábrica de multas”. A proposta de Bolsonaro duplica o número de pontos estabelecido para a perda da carteira de motorista, suspende a multa para quem transporte crianças sem a cadeira apropriada, e ainda acaba com a exigência de exame toxicológico para motoristas profissionais. Este incentivo à irresponsabilidade e à transgressão das regras de trânsito pode ter um impacto desastroso sobre as cidades e as rodovias brasileiras. O ambiente, já tenso e violento no trânsito das grandes cidades, deve agravar-se, e pode levar a uma situação devastadora, quando combinado com a ampliação do porte de armas.
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Nenhum ato agressor do bom senso praticado pelo primata-mor-presidente surpreende.