Editorial

Autoritarismo – by Mana Neyestami.

Quando o vereador Carlos Bolsonaro escreve no seu twitter que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”, ele está dizendo que a democracia está atrapalhando e atrasando as mudanças que ele e seu grupo político gostariam de fazer. As palavras do vereador são graves, porque refletem o que pensa o seu pai e presidente da República. É amplamente sabido que Jair Bolsonaro não tem nenhum apreço pela democracia, não gosta do jogo democrático e adoraria ter poder para ignorar o Congresso Nacional, calar a boca da imprensa e impor por decreto as suas ideias irresponsáveis e anticivilizatórias. Os seus seguidos e impertinentes elogios ao ditador chileno Augusto Pinochet e ao golpe militar que o levou à mais dura repressão no Chile mostram a admiração que o presidente brasileiro tem pelos regimes de força. A ameaça velada do vereador coincidiu com a divulgação da foto do deputado Eduardo Bolsonaro no hospital, ao lado da cama do presidente, portando ostensivamente uma pistola na cintura. As intenções autoritárias do clã Bolsonaro, felizmente, não encontram a menor base política para desmontar as estruturas democráticas construídas nas últimas décadas. A dura reação de todas as forças políticas diante da fala do vereador, as declarações contundentes dos presidentes da Câmara e do Senado e a resposta sensata do vice-presidente em exercício, general da reserva Hamilton Mourão, demonstram a insatisfação das instituições com as afirmações arrogantes do clã Bolsonaro. Mesmo assim, não se pode subestimar a intimidação implícita nos seus discursos, considerando o delicado momento político do Brasil, a aguda polarização política, os conflitos institucionais, a insegurança jurídica e a crise econômica e social.