Quando assumiu a presidência dos Estados Unidos, há pouco mais três anos, Donald Trump anunciou uma postura isolacionista, retirando o poderio norte-americano dos conflitos internacionais. O que poderia até ser positivo, se significasse um afastamento do intervencionismo militar da gestão Bush. Mas ele estava pensando mesmo em romper com os acordos de regulação das grandes questões globais, iniciando com a retirada dos Estados Unidos do Acordo do Clima, assinado por Barak Obama e mais 147 países, incluindo China e, mais tarde, Rússia. E se ele não queria guerra, sua arrogância logo emergiu, preparando o caminho para a desestabilização do Oriente Médio, já afogado na guerra da Síria, quando rompeu o acordo nuclear com o Irã, assinado em 2015 pelas grandes potências (mais uma vez, Barak Obama representando os Estados Unidos). Acordo esse que permitia ao Irã a exploração pacífica da energia nuclear, dentro de regras e com mecanismos de controle internacional. Na sua estupidez autoritária, o governo Trump rompeu o acordo, e aplicou fortes sanções econômicas ao Irã, que ameaçou retomar as pesquisas de enriquecimento do urânio, que estavam suspensas e proibidas pelo acordo. Para completar a instabilidade na região, a Arábia Saudita, principal aliado dos Estados Unidos no mundo árabe, vem atacando sistemática e brutalmente o Iêmen, governado por um movimento xiita aliado do Irã. A situação saiu do controle agora, com o bombardeio das refinarias da Arábia Saudita. Os iemenitas assumiram o atentado, utilizando armas e apoio iranianos, mas os Estados Unidos e a Arábia Saudita insistem em dizer que foi o Irã que atacou diretamente. E agora? O estoque de sanções econômicas de Trump está esgotado, e o Irã resiste às restrições norte-americanas, apesar das dificuldades econômicas. Mas um ataque militar dos Estados Unidos pode desencadear um conflito de grandes proporções no Oriente Médio, de consequências geopolíticas imprevisíveis, e desdobramentos dramáticos na economia mundial. E o povo norte-americano não está disposto a mergulhar em mais uma guerra. O gigante parece de joelhos, diante da ousadia arriscada do governo iraniano. Mesmo que condene o ataque às refinarias da Arábia Saudita, o mundo sabe que Donald Trump é o responsável pela crise aberta com o Irã. E treme diante do risco de um gesto tresloucado do presidente norte-americano.
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Acho que esse texto foi escrito por quem assiste o jornal Nacional. O Irã é uma ameaça à estabilidade do oriente médio, apoia o Hezbolah, o Hamás, promete destruir aisrael e está na Síria além de financiar o terrorismo islâmico no mundo. O Obama é o principal responsável pela guerra na Síria, deu amplas vantagens para a teocracia criminosa do Iran. O governo Trump, gostando ou não dele, é o único que está peitando esse governo de fascínoras que prende, tortura e condena mulheres por tirar o hijab em público. Dizer que foram os yemenitas que bombardearam a refinaria na Arábia Saudita é um desconhecimento da geografia.
Caro Antonio Garcia
Apesar da forma indelicada como o senhor começa seu comentário, insinuando que os editores desta revista são ignorantes e limitam sua análise a noticias do Jornal Nacional, sentimo-nos honrados com sua participação no debate, e nos animamos a uma resposta, pelo respeito que temos pela opinião dos nossos leitores. Ao contrário do que o senhor entendeu, o editorial está longe de fazer a defesa do Irã, menos ainda de justificar o ataque às refinarias da Arábia Saudita, seja diretamente pelos iranianos, seja pelos seus aliados do Iêmen. Mas afirmamos que o presidente Trump é o responsável direto pela intensificação da desestabilização no Oriente Médio, quando rompeu, unilateralmente, um acordo que estava impedindo que o tal “governo fascínora” emergisse como uma potência nuclear nesta tão conflituosa região. O editorial também não diz que foi o Iêmen que atacou, mas o senhor parece ter certeza que o ataque veio do Norte, embora nem mesmo os Estados Unidos tenham confirmado esta possibilidade. Releia a frase, por favor: “Os iemenitas assumiram o atentado, utilizando armas e apoio iranianos, mas os Estados Unidos e a Arábia Saudita insistem em dizer que foi o Irã que atacou diretamente”. Na guerra de informação, o senhor parece acreditar totalmente na opinião de Trump e do governo “facínora” da Árabia Saudita, dominado por uma das mais conservadoras e violentas monarquias muçulmanas do Oriente Médio. Ao contrario do senhor, o editorial ainda espera o resultado de comprovações e, mesmo assim, antecipa que, mesmo que tenham sido os houties do Iêmen os autores, e portanto o ataque teria vindo do Sul, eles utilizaram “armas e apoio iranianos”. O acordo com o Irã, caro Garcia, foi negociado e assinado em 2015 por Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha, o que permitiu à AIEA-Agência Internacional de Energia Nuclear fazer o monitoramento das atividades e pesquisas nucleares do Irã. Depois do primeiro monitoramento, a Agência concluiu que o país estava implementando as disposições-chave do acordo o que teria levado à suspensão de parte relevante das sanções econômicas. O rompimento unilateral e brusco deste acordo contribuiu, decisivamente, para a intensificação do conflito e da instabilidade no Oriente Médio.
Os Editores
REVISTA SERÁ?
http://www.revistasera.info
É bom saber que vocês estão abertos as críticas dos leitores. No entanto democraticamente discordo de sua análise. 1º o acordo nuclear do Irã era revisado a cada 90 dias e os USA ou qualquer país, inclusive o Irã poderia sair do acordo. 2º o Irã desenvolveu com o dinheiro liberado pelo acordo misseis balísticos que podem transportar armas nucleares, 3° esse dinheiro também financiou o terrorismo em vários lugares do mundo, apesar da difícil situação econômica do povo iraniano. 4º O Iêmen fica no sul da Arábia Saudita e o ataque dos drones veio do Norte (Irã). O Iêmen, principalmente os rebeldes, não tem tecnologia e nem pessoal para perpetrar um ataque desses sem o auxílio do Irã. Assumiram a responsabilidade como laranjas, assim pensam a Arábia Saudita e os USA. E saibam que não quis ser indelicado sobre dizer que as informações colocadas no artigo são exatamente iguais a que foram divulgadas no Jornal Nacional, apenas é uma constatação. A Arábia Saudita, o Irã e o Iêmen são repúblicas islâmicas como toda teocracia são ditaduras terríveis. E dizer que os USA estão de joelhos perante o Irã é no mínimo uma expressão de linguagem teológica do articulista. No mais gosto de ler e de democraticamente debater os assuntos da revista.
Saudações.