A história da humanidade tem sido marcada pelo frequente e diversificado ataque de vírus, bactérias e micro-organismos que comprometem a saúde e a vida da população. O que distingue os ciclos de enfermidades é o tipo de contágio, o ritmo de propagação, a sua letalidade e a capacidade da humanidade de conhecer, reagir, conter e proteger-se dos seus efeitos. No século XIV, a peste negra foi devastadora, levando à morte 50 milhões de pessoas na Europa e na Ásia, por conta das condições precárias de higiene e saneamento, do desconhecimento do vírus e da carência de recursos médicos (estimativas demográficas calculam em 50,5 milhões a população dos nove maiores países da Europa no ano 1300). A peste negra não se espalhou para outros continentes que viviam ainda fisicamente separados da Europa e da Ásia. Os ciclos de integração mundial, como as grandes descobertas do século XVI, derrubaram as fronteiras de propagação das epidemias, de modo que, no século XIX, o cólera espalhou-se por todos os continentes, embora com uma letalidade inferior à da peste negra. No mesmo período, ao longo de cem anos (1850 a 1950), a tubercoluse deixou um rastro avassalador de um bilhão de mortes em todos os continentes, resultado da integração mundial combinada com o atraso nas tecnologias de saúde. Agora, o inimigo da vez é o coronavírus, que se espalha pelo planeta com enorme velocidade, por conta do intenso processo de globalização, com milhões de pessoas e objetos circulando rapidamente entre regiões e países. Em algumas semanas, pode virar uma pandemia. A rapidez de propagação do virus é compensada, felizmente, pela troca de informação em tempo real, e pelos avanços significativos na medicina e nos procedimentos de monitoramento da doença, e, mais ainda, de proteção e prevenção. Nas últimas décadas, os antibióticos e as vacinas têm sido responsáveis pela proteção da população contra os ataques dos vírus e das bactérias agressivas. Como estão ambos em permanente mutação, num mundo altamente globalizado, o conhecimento científico e tecnológico está sempre correndo atrás, para desvendar suas características biológicas, monitorar sua propagação e, principalmente, desenvolver medicamentos e vacinas de proteção e prevenção da saúde das populações. Até agora, temos sido muito bem sucedidos.
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