Como ocorre quase todas as manhãs, há duas semanas, o presidente da República apareceu na saída do Palácio do Planalto para cumprimentar as pessoas que se acumulavam no portão. Alguns jornalistas esperavam também pelo presidente com uma pergunta incômoda: o baixo crescimento da economia do ano passado. O presidente ignorou os jornalistas e se dirigiu aos seus admiradores, deixando passar um humorista que, saindo de um carro oficial e vestindo a faixa presidencial, se dirigiu aos jornalistas, cobrando perguntas e distribuindo bananas. Depois, rindo e fazendo ironias com os jornalistas, o presidente e o palhaço se abraçaram e se confundiram no palhaço-presidente. No final do encontro, o palhaço-presidente, imitando o presidente, fez uma saudação altamente machista: ”Deus acima de tudo, e eu acima de todas”. A cena de deboche com a imprensa que faz a cobertura do Palácio é um completo desrespeito à imprensa, à democracia e à sociedade brasileira. Agindo dessa forma, Bolsonaro demonstra que, no fundo, considera que o palhaço é o povo brasileiro. Depois dessa cena grotesca, o presidente-palhaço continuou agredindo o bom-senso e desrespeitando os brasileiros, em cada cena e cada pronunciamento. Enquanto o ministro da Saúde trabalhava, com muita competência e transparência, para preparar o Brasil para a propagação do Covid-19, Bolsonaro, com suspeita de contágio, afirmava que era tudo uma histeria, e se abraçava com um grupo de apoiadores numa manifestação de rua. Mais do que deboche, temos aí a patifaria, um crime sanitário. E com seus próprios simpatizantes. Os brasileiros começaram a perceber que o presidente-palhaço não pode governar um país complexo como o Brasil, menos ainda em uma grave crise sanitária e econômica. O panelaço desta semana pode ter sido o primeiro sinal.
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O Editorial tem uma passagem que coloca todos os brasileiros no mesmo barco: “Os brasileiros começaram a perceber que o presidente-palhaço não pode governar um país complexo como o Brasil, menos ainda em uma grave crise sanitária e econômica. O panelaço desta semana pode ter sido o primeiro sinal.”
É fundamental lembrar que Bolsonaro, eleito no segundo turno, teve 57.797,847 votos e 58.135.604 não votaram nele.
https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/apuracao/presidente.ghtml Acesso em: 20 mar. 2020.
Sim, é sintomático: o impeachment de Dilma começou com ‘panelaços’, enquanto cresciam protestos contra seu governo nas ainda não tão presentes redes ‘sociais’. Agora Bolsonaro sofre erosão de apoiadores nessas mesmas redes e ouve ‘panelaços’, inclusive em cidades e bairros que votaram maciçamente nele em 2018. A ver no que dá.
O mais trágico do comportamento irresponsável do “Seu” Messias e da sua atuação anárquica é que torna precária coordenação para enfrentar a Covid-19 na saúde e na economia, uma catástrofe que pode piorar muito nas próximas semanas. Os governadores são obrigados a tomar medidas com um “presidente mínimo”, apelando para que ao menos não atrapalhe com o seu hábito de decidir algo e voltar atrás no dia seguinte, às vezes até no mesmo dia! E sem entender patavina do que está decidindo nem do que está revogando. E os prefeitos? Ao menos os governadores estão tentando se coordenar. E o Dr. Luis Henrique Mandetta tem trabalhado com seriedade e bom senso nessa situação de calamidade pública. O Congresso também tem tido mais senso de prioridades, não é o Congresso que está levantando essa ideia de impeachment num momento desses.