Como sempre, o novo ano começa despertando esperanças, alimentando desejos e estimulando animados e ousados pedidos, principalmente para nos livrar do tormento que sacudiu o mundo e o Brasil em 2020. A virada do calendário tem esta função psicológica de levantar o ânimo das pessoas com a expectativa de superação das mazelas do passado e as promessas de renovação no futuro.
O vírus não mata a esperança, é certo. Mas não pode levar à passividade. A esperança vale apenas quando se manifesta em atitudes, inciativas e participação política para defender propostas e criticar governantes omissos, ou mesmo iniciativas individuais para se poupar da pandemia e inventar alternativas econômicas.
Mesmo quando os sinais e as tendências não ajudam muito, e mesmo quando os problemas do ano passado persistem, ainda quando parece que estamos afundando, a esperança estará viva enquanto força motriz de enfrentamento e de superação.
2021 já nasce mergulhado numa nova onda do Covid-19, intensificada pelos inevitáveis festejos de fim de ano, o que vai exigir medidas duras de isolamento social já nos primeiros meses. Enquanto isso, olhamos desolados o início da vacinação em quase todo mundo, incluindo alguns países da América Latina. E, ao contrário da tormenta de 2020, neste novo ano estão praticamente esgotados os recursos fiscais do governo para a manutenção das medidas emergenciais que permitiram, ao custo de alto endividamento, a distribuição de mais de 600 bilhões de reais que impediu um maior desastre econômico e social.
Por isso, é muito pouco realista esperar uma reanimação da economia brasileira antes da chegada da vacina, que ainda parece distante no horizonte. Para quem acredita em videntes de todos os tipos, eles parecem concordar em que 2021 será um ano de incerteza, instabilidade e aumento do radicalismo e das polarizações políticas. Pior de tudo, em 2021 não vai ter carnaval. Feliz 2022, ou quem, sabe, feliz segundo semestre de 2021.
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