A taxa de crescimento do PIB na economia brasileira poderia ser um altiplano. Como Brasília. Ou majestosa cordilheira. Como as Rochosas. Mas, nos recentes quarenta anos, tem ficado na grama rasteira. Levando de sete a um.
Na década de 1981 / 90, a média de crescimento anual do PIB foi de 1,6%. Na década de 1991 / 2000, a média de crescimento foi de 2,6%. Na década seguinte, de 2001 / 2010, a média de crescimento foi de 3,7%. No período de 2011 / 2020, a média de crescimento foi de 0,2%.
Ou seja, crescimento fica, no máximo, na casa dos 3%. A avaliação majoritária de especialistas é que o crescimento medíocre, nesses quarenta anos, tem origem em três causas principais:
- Política econômica errática mostrando pêndulo entre intervenção estatal e débil liberalismo com baixo respeito a regras de mercado;
- Ausente vontade política para patrocinar reformas institucionais que estimulem investimento em ambiente de confiança nos negócios;
- Falta de controle orçamentário sobre o gasto público gerando endividamento e subtraindo capacidade pública para investir.
Numa palavra, a política desajudou a economia. Refletindo antigo oligarquismo. Perpetuado em novas gerações. Modernas apenas no fator etário. País otário.
O exemplo mais recente e forte desse cenário histórico é o governo Bolsonaro. Liberal na campanha e intervencionista na prática. Sem definição clara de prioridades nacionais. Sem plano mestre de desenvolvimento regional. Mudo na educação com a reforma do segundo grau parada. Descoordenado na saúde e ineficaz no combate à pandemia de covid. Com vacinação interrompida por falta de vacina. Opaco no apoio à ciência e tecnologia. E uma opção, clientelista e custosa, cada vez mais nítida: reeleição. Com suporte de duas tropas: parlamentares do Centrão e milicianos ativistas.
Enquanto isso, na China, em igual período, ocorreu a revogação da Revolução Cultural de Mao. Com prisão dos milicianos da Guarda Vermelha. A promoção de sólida reforma econômica com abertura para investimentos privados. Patrocinada por Deng Xiaoping. Baseada na educação. E priorizando ciência e tecnologia. Dentro de dois anos, a economia chinesa alcança a economia norte americana. Com PIB de 17 trilhões de dólares.
O século 21 marcou, do lado chinês, o surgimento da quarta geração de direção política pós Mao. Com o presidente Jiang e o primeiro-ministro, Jiabao. Do lado americano, os governos de George w. Bush e de Barack Obama deram sequência a uma compreensão estratégica da relação entre os dois países.
Na visão chinesa, de 2002 em diante, os dirigentes entenderam a complexidade dos desafios domésticos. Passando pela evolução da fórmula de um regime e dois sistemas: o regime comunista e a convivência entre os sistemas de intervenção estatal e de admissão do capitalismo como meio de estimular o crescimento.
Deng Xiaoping dera uma trégua à linha contenciosa de Mao. Reconectando os chineses às forças históricas da nação. Inspiradas no modelo reflexivo de Confúcio. Priorizando educação, ciência e tecnologia. A China queria recuperar o tempo perdido. Na primeira década dos anos 2.000, a política de Deng Xiaoping começou a frutificar.
O lema político, então, era incrementar e conservar. Conservar e incrementar. A China entrou na Organização Mundial do Comércio – OMC. Integrando-se à ordem econômica internacional. Ocorreu o que Mao mais temia: o DNA histórico chinês reafirmou-se. Com leninismo em colapso, a China recuperou as bases da sabedoria tradicional. Se os Estados Unidos tinham inventado o soft power, a China reinventara o poder brando com Deng Xiaoping.
É preciso mandar o populismo para casa. Como fizeram chineses e norte-americanos. E retomar a política orgânica de operação institucionalizada. Sem o subterfúgio de carreiristas. Subservientes.
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