Mask with beautiful eyes – autor desconhecido.
Parece que está surgindo uma nova moda no Recife, que, embora de qualidade discutível, está ganhando as ruas e as praças da cidade. Inspira-se na estética do Covid 19: o uso de uma máscara no pescoço, ou mesmo no queixo, logo abaixo do lábio inferior, como se fosse o colar dos tempos de pandemia. As meninas e as senhoras utilizam o colar para destacar sua beleza que, quem sabe, pode amedrontar e espantar o vírus. E os homens recorrem ao colar para demonstrar a força da sua masculinidade, que enfrentaria e destruiria o inimigo mortal. Ao passar por uma jovem alinhada com a moda, vale o elogio, com um sonoro “Bonito colar, garota!” Mas não é recomendável não fazer o mesmo comentário quando cruzar com um homem na moda.
É verdade que a moda ainda não pegou. A maioria da população ainda está utilizando a máscara para cobrir a boca e o nariz, por onde se movimenta o vírus em busca de um hospedeiro, escondendo o rosto, independente da sua beleza natural. Como os olhos são sempre um belo órgão das pessoas, a máscara no rosto costuma realçar a beleza dos seus usuários, além de reduzir a contaminação do vírus. No entanto, diante da emergente moda Covid-19, que parece oferecer um selo de modernidade, quem faz o uso da máscara com objetivos sanitários pode ser visto como antiquado, e está fora de moda.
Como se fosse uma variante radical da moda, algumas pessoas carregam a máscara na mão, menos visível que o colar, supondo que o sucesso reside exatamente no disfarce do objeto. Em todo caso, considerando o excesso de informação e desinformação, é possível que este comportamento se fundamente em alguma desconhecida teoria epidemiológica, segundo a qual o vírus entra e sai pelos dedos, e não pelos orifícios respiratórios. De modo que, bem ajustada à mão, a máscara teria o poder de reduzir a contaminação. Seja pela estética, pela força masculina ou pela proteção dos dedos contaminantes, o fato é que as ruas estão cheias de pessoas, de todas as idades e gêneros, optando por estes recursos originais e modernos de utilização da máscara, nestes tempos sombrios de pandemia.
Moda e utilidade raramente andam juntas. E, neste caso, se a moda pega, as máscaras virando colares ou dobradas nas mãos, a propagação do vírus se acelera, formando o criatório de novas cepas, e provocando o colapso total do sistema de saúde, e o aumento do sofrimento de centenas de milhares de vítimas. Esta moda Covid-19 mata.
Tristeza essa moda. Também tem sido adotada por alguns aqui em Sampa. Eu acho que o problema é que ainda não explicaram o suficiente, ou as pessoas ainda não captaram o suficiente, o modo de transmissão do coronavirus. Pois às vezes a regra é ditada de um modo automático. Andando na rua, ao ar livre, longe de outras pessoas, o risco por andar sem máscara é mínimo. Só se há a possibilidade de de repente aparecer alguém que grite com você. Risco de transmissão vai aumentando gradualmente em calado, falando, gritando, cantando. Indispensável é em lugar fechado, não arejado, mesmo que esteja todo mundo calado. Enfim, o que estou dizendo é que nem sempre o “modo colar” é errado, se rapidamente pode ser puxado para o lugar certo quando a situação é de maior risco. Faz sentido a máscara quando um sujeito está sozinho dirigindo o próprio carro? E no entanto a regra da máscara não informa exceções. Desconfio que a moda vai se espalhar, sobretudo quando os vacinados acharem que eles já não transmitem, o que não é bem verdade. Pois é, a falta que faz Mandetta, que foi demitido bem quando ele estava explicando o uso de máscaras, kkk.