Três eventos de grande impacto político na mesma semana vão deixar um rastilho de pólvora pelo caminho. A saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente é a menos relevante, porque, rigorosamente não muda nada. A política de destruição sistemática do meio ambiente e de invasão das terras indígenas é parte da estratégia do próprio presidente da República. O que fica comprovado pela substituição de Salles por Joaquim Álvaro Pereira Leite, que foi, até agora, Secretário da Amazônia, precisamente onde a sanha destrutiva do Governo se manifestou de forma mais violenta. Permanece o rastro de destruição ambiental. Explosiva é a acusação de irregularidades na compra da vacina Covaxin, superfaturamento que beneficiaria a empresa responsável pela intermediação da aquisição. O deputado Luís Miranda afirma que advertiu o presidente da República do esquema de corrupção no Ministério da Saúde. Sendo verdade, e considerando que Bolsonaro não impediu as negociações suspeitas, a corrupção ronda o Palácio do Planalto.

Enquanto isso, do outro lado da Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por sete votos a quatro, que o Juiz Sérgio Moro teria sido parcial na condenação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por crime de corrupção e lavagem de dinheiro, no processo do Triplex do Guarujá. De imediato, monocraticamente, Gilmar Mendes, estendeu a suspensão para os outros processos contra Lula. Sem entrar no mérito jurídico da decisão, a deliberação da Alta Corte de Justiça favorece, ao mesmo tempo (por razões diferentes) a Lula e a Bolsonaro. De um lado, Lula alimenta sua narrativa de perseguição política e inocência nas denúncias de corrupção; do outro lado, Bolsonaro comemora o desgaste da imagem política de Moro, potencial candidato a presidente, que retiraria grande parte dos seus votos nas eleições de 2022. Os desdobramentos destes eventos serão decisivos para o futuro político do Brasil.