Coringa – Joaquin Phoenix.

 

O relatório da CPI-Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, publicado esta semana, detalhou e comprovou a sucessão de absurdos cometidos pelo Presidente da República e seus auxiliares próximos na abordagem da pandemia que se abateu sobre os brasileiros. Embora os brasileiros já tivessem amplo conhecimento da culpa de Jair Bolsonaro (exceção dos bolsonaristas cegos e surdos) no aumento e na aceleração da propagação do vírus e, como consequência, das vítimas fatais, o relatório demonstrou a postura criminosa e irresponsável do presidente com dados, testemunhos, fatos e documentos. 

Diante das evidências da politização da pandemia pelo governo, “expondo deliberadamente a população a risco concreto de infecção em massa”, o relatório da CPI recomendou o indiciamento de 66 pessoas e duas empresas, incluindo o próprio Jair Bolsonaro. O principal crime do presidente foi o atraso intencional na compra de vacinas e, portanto, na proteção da população, ao mesmo tempo em que propagava e defendia a “imunização de rebanho”, que cobrava a morte de centenas de milhares de brasileiros. 

Mesmo quando o Ministério da Saúde iniciou, tardiamente, a compra de vacinas, o presidente continuou difundindo suspeitas sobre a sua eficácia, e insistindo na propaganda de medicamentos que já tinham sido descartados pela ciência. E até hoje, Bolsonaro continua rejeitando a vacina, ignorando o uso de máscaras, desqualificando o distanciamento social e promovendo, ostensiva e sistematicamente, a aglomerações de pessoas. 

Pelo conjunto das posições, declarações, medidas e atitudes do presidente ao longo da pandemia, o relatório acusa Bolsonaro de crime contra a humanidade, responsabilidade por parcela não desprezível das mais de 600 mil vítimas da Covid-19 no Brasil. De acordo com estimativas do relatório, cerca de 120 mil vítimas poderiam ter sido salvas da morte até o final de março último, se o governo tivesse investido mais cedo nas vacinas, apoiado as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras e evitado propagar falsos e ineficazes medicamentos. 

O documento oferece evidências suficientes para a abertura de um processo político que levaria ao impeachment do Presidente e um processo criminal que poderia resultar na sua prisão. Tudo indica, contudo, que o presidente da Câmara de Deputados esvaziará o primeiro e o Procurador Geral da República barrará o segundo. Mas, em 2022, os brasileiros devem se vingar e jogar Bolsonaro no lixo da história.