Com os desmandos e irresponsabilidades do seu governo, particularmente o empenho insano de destruição da Amazônia, Jair Bolsonaro tornou-se um pária internacional, jogando na lama a imagem do Brasil no cenário mundial. Agora, não está mais só. O presidente Vladimir Putin decidiu disputar o título nada honroso com seu “amigo” Bolsonaro. 

A invasão da Ucrânia provocou uma rara convergência mundial de condenação da agressão russa e de defesa da autodeterminação da nação europeia. Putin tornou-se um pária, levando a Rússia a um completo isolamento da comunidade internacional. Com uma esmagadora maioria, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou resolução que reprova a invasão da Ucrânia, rejeitada por apenas cinco quase insignificantes votos (além da própria Rússia e de Belarus, também comprometida na guerra, Eritréia, Síria e Coréia do Norte). A resolução deplora o reconhecimento das regiões separatistas e a invasão do território ucraniano, considerando uma “violação da integridade territorial e soberania da Ucrânia e inconsistente com os princípios da Carta das Nações Unidas”. Dois dias antes, quase todos os membros do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas se retiraram da reunião quando o chanceler russo iniciou o pronunciamento. E, no dia anterior, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tinha sido aplaudido de pé, por alguns minutos, no Parlamento Europeu. 

Para não perder a posição de pária internacional, Bolsonaro se move na tentativa de, ao menos, compartilhar a honraria com o presidente russo. Os párias se juntam. Depois de manifestar sua solidariedade à Rússia, Bolsonaro não cansa de declarar sua simpatia e afinidade de valores com Putin, defendendo neutralidade e levando o Itamaraty a uma posição errática e ambígua. Bolsonaro não está sozinho na simpatia a Putin. Personalidades e dirigentes da esquerda brasileira, contaminados pelo dualismo da guerra fria e por um tardio antiamericanismo, mostram uma estranha coincidência política com o ultradireitista Jair Bolsonaro, quando tentam encobrir a injustificada agressão militar de Putin, com críticas à ampliação da presença da OTAN na Europa, quase culpados da invasão russa. Para resguardar o agressor, tentam dividir a culpa pela guerra.