O Brasil tem um dos piores desempenhos internacionais na educação. No ranking do PISA-Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (da sigla em inglês), avaliação da OCDE-Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a situação do Brasil é vergonhosa. Apenas um quarto dos estudantes brasileiros apresentaram aprendizagem adequada em Leitura (25,5%), percentual que cai para 18,2%, em Ciências e lamentáveis 12,3%, em Matemática. 

Entre os 79 países avaliados, os estudantes brasileiros ficaram em 72º lugar na avaliação de matemática. O que seria altamente preocupante em qualquer área, torna-se um desastre quando se trata da educação, comprometendo o futuro da nação, a formação da cidadania, a competitividade da economia, a mobilidade social e a igualdade de oportunidades. Este é um problema estrutural e histórico, reflexo do desprezo dos governantes com a educação, ao longo de décadas. Mas o que era ruim tem se agravado no governo Bolsonaro, que desmantelou de vez o sistema de educação do Brasil, contaminando o Ministério da Educação com a sua ideologia retrógrada, transformando-o numa plataforma de proselitismo religioso e comportamental. Para ele não importa a qualidade do aprendizado, a formação humanista e científica das crianças e jovens. Desde que ele assumiu o governo, o MEC tem sido entregue a figuras incompetentes e despreparadas, nomeadas apenas porque se enquadram nas mesquinhas pautas de costumes que ocupam toda a sua limitada compreensão do mundo. 

Além do fracasso do ponto de vista educacional, o Ministério da Educação, com um dos maiores orçamentos da União, envolve-se também no mundo obscuro da corrupção e da compra escancarada de votos. Desde que se agarrou no Centrão para escapar de um impeachment, Bolsonaro dividiu a gestão do Ministério da Educação entre este agrupamento político-mafioso e a bancada evangélica. As denúncias de tráfico de influência de um grupo de pastores indicados diretamente pelo presidente denunciam a corrupção no MEC, entre outras manobras, com a utilização do poderoso FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação em negociatas para liberação de recursos e compra direta de apoio político-eleitoral. Bolsonaro decidiu substituir o ministro Milton Ribeiro (mais um destituído) para se proteger das denúncias, mas não pode apagar o que Ribeiro disse com todas as letras: que estava obedecendo a orientação do presidente da República. Não muda nada na educação do Brasil, enquanto o país for governado por um presidente que não acredita no humanismo, nem na ciência.