Todo mundo sabe que Bolsonaro está intensificando os preparativos para dar um golpe de Estado quando perder as eleições, ou mesmo antes, quando ficar claro que não tem chances eleitorais. As recorrentes declarações e iniciativas na tentativa de despertar a desconfiança e desmoralizar o sistema eleitoral brasileiro são uma cópia descarada do comportamento criminoso de Donald Trump, com a denúncia de fraude que alimentou a invasão do Capitólio por seus militantes fanáticos. Bolsonaro está preparando o mesmo cenário: alega que pode haver fraude eleitoral no sistema eletrônico de votação e apuração, e mobiliza as suas milícias raivosas para invadir o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e o Congresso Nacional, atacar a sede dos partidos de oposição, agredir políticos de esquerda, provocando uma comoção social em larga escala.
Apesar do envolvimento de vários oficiais militares no seu governo, e mesmo das suas mentiras e manipulações, como a do general Ministro da Defesa questionando a segurança e a confiabilidade do voto eletrônico, as Forças Armadas, como instituição de Estado, não vão se envolver numa aventura golpista, menos ainda para entregar o poder ao mentecapto do capitão. A imprensa brasileira, os formadores de opinião, a elite empresarial e intelectual, instituições da sociedade, e até mesmo o Centrão, que apoia o atual governo Bolsonaro, não vão aceitar a ruptura das regras democráticas e constitucionais. Os países desenvolvidos, parceiros comerciais e aliados históricos do Brasil, principalmente Estados Unidos e Europa, também já anunciaram a sua repulsa a uma tentativa de golpe de Estado.
Mesmo assim, o risco de uma provocação bolsonarista nas eleições, com tensões e violências sociais que podem levar a uma intervenção das Forças Armadas, é muito grande. Por isso, é urgente que as forças democráticas brasileiras de todas as tendências, os diversos partidos e seus candidatos e as organizações da sociedade civil se juntem numa mobilização nacional em defesa da democracia, de eleições livres e legítimas e da garantia de posse do eleito. Não se trata de uma frente em torno de um dos candidatos de oposição, por melhor situado que ele esteja, mas de uma frente de todas as tendências e grupos políticos, com seus candidatos, contra o golpe que Bolsonaro está preparando. Que cada um continue com sua campanha eleitoral, mas juntem-se todos em defesa da democracia.
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