O crime organizado, nas suas diversas facetas – madeireiros, garimpeiros e narcotraficantes – está ocupando a Amazônia, destruindo a floresta, poluindo os rios e invadindo as terras indígenas, sob o olhar complacente, se não cúmplice, do chefe do Estado brasileiro. Sem qualquer respeito às regras e às áreas de proteção, os bárbaros modernos agridem, ameaçam e matam os que resistem a esta ocupação, como fizeram agora com o indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Como numa terra sem lei, esses criminosos estão conquistando posições na Amazônia, ignorando completamente as regras da civilização e as leis de proteção à natureza e às nações indígenas na região. De acordo com a Cartografia das Violências na Região Amazônica, estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a intensa presença de facções do crime organizado tem contribuído para a elevação das taxas de homicídios na região a níveis superiores à média nacional (em 2020, o Brasil registrou uma taxa de 23,9 mortes violentas intencionais por cem mil habitantes, índice que chega a 29,6, na Amazônia).
Diante desta invasão bárbara, em vez de ampliar a sua presença na região, nos últimos anos, o Estado brasileiro vem se retirando, desmontando as instituições e estruturas de proteção, fiscalização e combate às diferentes frentes criminosas, deixando o caminho livre para o avanço do crime. O que parece constituir uma estratégia do governo, a julgar por diversas declarações e inciativas do presidente da República que facilitam a exploração mineral e fragilizam o controle e a proteção da floresta, bem como o respeito aos territórios indígenas. Quando o Estado sai, o crime entra e ocupa. Como afirma a Cartografia, os “déficits de governança e estrutura do aparato de segurança pública, sobretudo na capacidade de investigação criminal dos ilícitos/delitos cometidos na região e justiça, deixam a região refém das alianças e conflitos próprios da dinâmica do crime organizado e das suas sobreposições e trocas com crimes ambientais (desmatamento e garimpo ilegais, grilagem de terras, etc”. A penetração do crime organizado na região, aproveitando o vazio do Estado, leva ao domínio de parte do território amazônico, numa ameaça direta à soberania nacional sobre a mais rica e ampla floresta tropical do planeta.
Muito interessante vosso Editorial.
Só gostaria de saber se os outros 40.000 homicídios cometidos no país merecerão algum linha de atenção ou destaque nos próximos Editoriais.
Aproveitamos também a oportunidade para saber se a prestigiosa Revista Será? irá fazer algum questionamento junto às Suas Excelências, Ministros do STF, se irão continuar a soltar todos os criminosos do país, inclusive – e principalmente!! – os de Colarinho Branco – cujos delitos, no comando do Brasil por quase 20 anos, entre outros proibindo a polícia de entrar nas áreas de domínio do crime organizado no Rio de Janeiro, quase nos levaram à bancarrota,
Cordiais saudações.
Eu concordo que nosso presidente não faz nada pra proteger a nassa riqueza que é nossa Amazônia Amazônia
A PF demorou a procurar, houve grita internacional, encontraram os corpos dos desaparecidos após 10 dias, e isso porque um que confessou levou a polícia ao local. E aí, sem perícia, sem saber ainda como morreram, sem nem indagar “por que” foram mortos, rapidamente a PF disse que não teve mandante e mais, que não houve organizações criminosas envolvidas. Está cheirando mal. E tem esquisitice à beça nos detalhes. O risco de “queima de arquivo” está dado: há dois réus confessos, e se morrerem, não há mandante. O Presidente do Brasil já explicou:“Esse inglês era mal visto na região, ele fazia muita matéria contra garimpeiro, a questão ambiental. Então, aquela região que é bastante isolada, muita gente que não gostava dele.” (sic) Tem razão “Repórteres Sem Fronteira” em sua carta que expressa, ao lado da tristeza, imensa indignação.