Lisboa. Seguem mais algumas, nesta breve série. Começando pelos charutos, que tiveram sempre seus devotos. Como Cabrera Infante, Carrol, Chandler, Conan Doyle, Conrad, Dafoe, Dickens, Freud, Hemingway, Lorca, Mallarmé, Mark Twain, Pessoa, Poe, Stefan Zweig, Stevenson, os irmãos Max. O café da manhã de Churchill era charuto e uma taça de champanhe. Cabrera Infante (Tristes tigres) falou dos momentos em que se sentia feliz, “É quando fumo meu charuto em paz, tranquilo, na escuridão. O que antes era uma guerra, transformando-se agora em brasas civilizadas que brilham na noite como o farol da alma”. Machado de Assis os sauda (Linha reta e linha curva), “O charuto é um verdadeiro Memento Homo: convertendo-se pouco a pouco em cinzas vai lembrando, ao homem, o fim real e infalível de todas as coisas: é o aviso filosófico, é a sentença fúnebre que nos acompanha em toda parte”.
Kipling escreveu poema, The betrothed (O comprometido), que começa com ameaça da mulher “Você terá que escolher: ou seus charutos ou eu”. E ele mesmo respondeu com o famoso verso A woman is only a woman, but a good cigar is a smoke. Após o que, bom dizer, preferiu ficar com os puros. George Burns, quando completou 100 anos, disse que se tivesse obedecido as ordens para deixar de fumar talvez não tivesse vivido o bastante para comparecer ao funeral do seu médico. Sem esquecer que Hitler, por ser o primeiro chefe de Governo a proibir que se fumasse em sua frente, seria (segundo Cony) o Patrono do Antitabagismo de hoje. Só para lembrar também não fumavam Mussolini, Salazar e Kadafi.
James Joyce passava quase todas as noites nos bares; e, quando amanhecia, cantava canções irlandesas, com sua voz de tenor, para desespero da vizinhança. Já Nelson Rodrigues, o Anjo Pornográfico ? segundo o confrade, na ABL, Ruy Castro ? por estranho que possa parecer era um pudico e nunca dizia palavrões. Pablo Neruda só escrevia com tinta verde. Goethe, Lewis Carroll, Victor Hugo e Virginia Wolf o faziam em pé. Vinicius de Moraes, como Agatha Christie e o dr. José Paulo (pai), em banheira com água morna. Proust, George Orwel e Truman Capote, deitados. O mesmo Capote, supersticioso, que jamais deixava no cinzeiro mais que três guimbas de cigarro; e, o que passasse desse número, punha no bolso do paletó.
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