Não foi apenas omissão. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem um declarado desprezo pelos povos indígenas e uma simpatia especial pelo garimpo de ouro. No seu desastroso governo, o garimpo ilegal invadiu, literalmente, a Amazônia, com a prática predatória da exploração do minério. A expansão descontrolada e incentivada pelo ex-presidente vem provocando desmatamento, poluição dos rios, e invadindo reservas indígenas com um impacto devastador no sistema de vida das comunidades indígenas, que explodiu agora com o criminoso e chocante massacre dos ianomâmis. O garimpo ilegal é a mais predatória atividade humana no bioma amazônico, combinado com a exploração ilegal de madeira e de peixes. É a face mais visível do crime organizado, movimentando 2,5 bilhões de dólares por ano (estimativa do presidente do IBRAM e ex-Ministro da Defesa, Raul Jungmann), que alimentam a corrupção na política da região e, quem sabe, irrigam a Esplanada dos Ministérios. A crise sanitária dos ianomâmis – desnutrição severa, verminose e malária – denuncia, de forma dolorosa e dramática, os dois pilares da política de Bolsonaro para a Amazônia: retirada da presença do Estado na proteção da floresta e das reservas indígenas, combinada com o estímulo à ocupação do território pelo crime organizado. Os madeireiros e garimpeiros ilegais são os predadores de Bolsonaro.
O massacre dos ianomâmis demonstra a estratégia bolsonarista de ocupação da Amazônia pelo crime organizado. São mais de 20 mil garimpeiros ocupando, ilegalmente, áreas das reservas onde vivem 30 mil ianomâmis e, quando o Estado deveria ter atuado para conter a fúria criminosa, houve, na verdade, redução da presença das forças policiais e das equipes de saúde no território, abrindo espaços para ameaças e agressões. O governo Lula da Silva agiu rapidamente para oferecer a assistência necessária à redução dos danos dos ianomâmis, enviando alimentos, medicamentos e equipes médicas. E o Ministro da Justiça, Flávio Dino, identificando indícios de genocídio, abriu investigações para descobrir os responsáveis, que podem chegar até o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, deve executar um plano firme de desmontagem do crime organizado na Amazônia e, particularmente, do garimpo ilegal. Como afirmou Jungmann, “Não basta apenas fazer ação social e policial, retirando esses garimpeiros das terras indígenas. Não é só repressão, é preciso tirar mercado deles, sufocar esse setor que está contribuindo para essa tragédia”.
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