O pequeno território da Palestina, historicamente disputado por judeus e palestinos, envolve muito mais interesses geopolíticos que a disputa militar do governo de Israel e do grupo Hamas. E, por mais que se fale e se prometa entendimento e paz na Palestina, existem poderosas forças internas e externas que se opõem a qualquer acordo que leve à formação de dois Estados e à convivência pacífica dos dois povos. Os extremos dos dois lados se alimentam no acirramento do ódio, impedindo que os setores moderados e pacíficos possam conversar e definir parâmetros para a formação de dois Estados autônomos. O Hamas não quer, a direita extremista do sionismo não aceita, o Irã e parte dos países árabes rejeitam, de modo que, ao longo de décadas, implodiram todas as tentativas de entendimento, especialmente o Acordo de Oslo, em 1993, assinado pelo governo de Israel e pela mais respeitável liderança do povo palestino, na pessoa de Yasser Arafat. Um fanático judeu assassinou Yitzhak Rabin, premiê de Israel, e os radicais palestinos, estimulados pelo Irã e alguns países árabes, dificultaram os passos de Arafat na execução do acordo. 

O acordo de Oslo confirmava e definia as bases para viabilizar a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 1967, que determinava a saída das Forças Armadas israelenses dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias “em troca do respeito e reconhecimento da soberania, integridade territorial e independência política de cada Estado na região e seu direito de viver em paz”. Como o diabo reside nos detalhes, as tendências extremistas dos dois lados, com apoio ou mesmo pressão dos aliados, detonaram, sistematicamente, todos os acordos que levariam à criação de dois Estados e à consolidação da paz na Palestina. Os expansionistas israelenses não aceitam retirar-se das áreas ocupadas, e têm conseguido ampliar a política de colonização na Cisjordânia com vários novos assentamentos. Os radicais palestinos rejeitam, terminantemente, a existência do Estado de Israel, e se propõem a destruir a autoridade política do povo judeu. Esta guerra é apenas mais um capítulo da vitória dos extremistas dos dois lados, reforçando o ódio e a intolerância que levam ao terror e às atrocidades contra cidadãos judeus e palestinos. Com isso, torna-se cada vez menos provável um acordo entre judeus e palestinos que leve a uma paz duradoura na região. Paz que não parece mesmo interessar a poderosas forças políticas internas e externas aos dois povos.