Pensado desde a década de 1990 e colocado em pauta pelo governador Eduardo Campos nos idos de 2009, o Arco Metropolitano é cada vez mais necessário como parte da solução para a trágica mobilidade na Região Metropolitana do Recife (RMR). No entanto, com a evolução de outros centros vizinhos, o arco, que surgiu como uma solução para a mobilidade do Recife, ligando por fora da cidade a zona norte à zona sul, aparece como um grande investimento para a economia de Pernambuco e para os estados imediatamente influenciados. A dificuldade de sua implantação, entretanto, recai sobre o trecho norte, que passaria por dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) Aldeia Beberibe.
Nos últimos 20 anos a cidade do Recife teve sua interligação reforçada ao interior de Pernambuco através da duplicação da BR-232 e aos estados vizinhos pela duplicação da BR-101, o que permitiu à cidade e sua região metropolitana tornarem-se um dos maiores centros logísticos do país. Conectado a essa infraestrutura rodoviária, o Porto de Suape, com seu grande volume de investimentos, é outra, senão a maior, engrenagem dessa máquina logística, que há pouco tempo anunciou o segundo terminal de contêineres. Como exemplo de sucesso, há poucos locais no país em que a estrutura de “truck center” (pátio de caminhões) chegou a funcionar perfeitamente. Suape possui três que atendem de forma eficiente mais de 80 mil caminhões por mês que se destinam ao porto. Para completar, os pernambucanos lutam pela implantação da Ferrovia Transnordestina de forma a trazer para o jogo mais um modal, incrementando ainda mais a capacidade de distribuição da cidade do Recife que atinge mais de 7 milhões de cidadãos.
Como projeto de desenvolvimento, Pernambuco começou a atrair investimentos para a região norte da RMR, que já contava com algumas indústrias e hoje possui um polo cervejeiro e um polo automotivo entre outras empresas de grande porte. Por outro lado, o vizinho estado da Paraíba aproveitou esse movimento para atrair também novos empreendimentos, como três importantes fábricas de cimento, e outros negócios voltados à logística e depois ao e-commerce. O governo da Paraíba termina ainda em 2023 o projeto de um pequeno, mas importante arco que conectará a BR-230, que liga João Pessoa à Campina Grande, à BR-101, utilizando o eixo da PB-016, melhorando o escoamento dos produtos que saem e entram na Paraíba, desafogando a entrada da capital. As obras de melhorias do aeroporto Presidente Castro Pinto são uma realidade. João Pessoa atualmente se coloca como um excelente local para morar, atingindo ótimos resultados em pesquisas de satisfação (melhor cidade para se morar do canal +50 no YouTube), e por conseguinte tem sido a cidade escolhida pelos principais executivos das empresas que hoje estão ao norte da Região Metropolitana do Recife, além de imigrantes com alta qualificação profissional nas mais diversas áreas. Apesar desses resultados excepcionais e de sucessivos avanços, ainda carece de prestação de serviços mais especializados e necessita do Recife para ter sua demanda atendida.
Outro estado que passou por um desenvolvimento e um crescimento pujante no início dos anos 2000 foi o Rio Grande do Norte. Atraiu muitos investidores internacionais principalmente no setor imobiliário, mas com a crise do subprime muitos desses investidores deixaram o estado e várias obras foram abandonadas. Além do grande estoque deixado, o que fez com que os preços fossem comprimidos, a cidade de Natal apenas agora, mais de 10 anos depois, vem conseguindo uma recuperação, mas ainda muito pequena. Ao passo que isso aconteceu no mercado imobiliário, o Rio Grande do Norte despontou como uma potência energética eólica e hoje está no topo do ranking na produção com essa fonte. Caminhões atravessam o Recife em direção ao estado potiguar carregando as grandes peças para as montagens dos aerogeradores. Empresas se especializaram na montagem e construção das torres e o estado possui os melhores profissionais do setor. O aeroporto de São Gonçalo do Amarante será o hub dos Correios para o Nordeste. As cidades localizadas entre Natal e João Pessoa de forma a aproveitar a BR-101 duplicada e com boa estrutura estão fazendo um grande esforço para atração de outros empreendimentos impulsionados pelo sucesso paraibano. A conexão com o estado do Ceará não é boa. Uma via de mão simples, que torna mais caro para qualquer empreendimento no Rio Grande do Norte exportar ou importar mercadorias pelo Porto de Pecém, visto que o Porto de Natal é pequeno e seu aumento envidará muito esforço e dificilmente será realizado no curto prazo.
Com tudo isso exposto, e claro que deve ter sido esquecida por este autor muito mais informação, é fundamental não apenas para Pernambuco, mas para o “nordeste do Nordeste” brasileiro a construção do Arco Metropolitano do Recife. Produtos que cheguem ou saiam de Pernambuco por Suape, que tenham destino ou venham dos estados vizinhos, tudo passará pelo arco. É a conexão direta dos empreendimentos localizados na Paraíba e no Rio Grande do Norte com o porto, sem semáforos ou engarrafamentos. Ao longo dessa nova via surgirá uma nova fronteira de investimentos imobiliários, novas oportunidades de negócio, novas cadeias produtivas. É justo qualquer pleito ou defesa da APA Aldeia Beberibe, mas 4,5 milhões de pernambucanos e 7 milhões de nordestinos precisam para já desse equipamento, agregando valor, aumentando a renda e impulsionando a economia.
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