Desta vez não são apenas os religiosos profetas das desgraças com suas previsões sempre falsas e erradas desde o apóstolo João na ilha de Patmos com seu Apocalipse, aos norte-americanos Russel e Rutherford com suas datas do fim do mundo variando a cada guerra maior e, para resumir, aos fake-news dos evangélicos assustando seus seguidores com a próxima Batalha do Armagedon.
Desta vez são os cientistas da Universidade de Chicago, criadores em 1947 do Relógio do Fim do Mundo, numa época considerada bastante instável, pois já existia a bomba atômica, responsável pela destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Era o começo da guerra fria com o temor de russos e americanos destruírem o mundo com o emprego das armas atômicas numa terceira guerra mundial.
Houve novas guerras principalmente na Ásia, como a do Vietnã, nas quais russos e americanos se enfrentavam indiretamente, porém não se utilizou a destruição atômica. Porém, mesmo que utilizassem, o estrago seria enorme nos países atingidos, mas teria proporções limitadas. Nessa época, não se poderia falar em destruição de toda humanidade vivendo no planeta.
Passaram-se mais de 70 anos, e embora o relógio seja atualizado anualmente, o sinal de alarme não parecia próximo a soar. O relógio é simbólico e tem como hora fatal a meia-noite. A cada ano, os cientistas da Universidade de Chicago abastecem o relógio com as informações consideradas capazes de influir no futuro do planeta. Nesta terça-feira, 23 de janeiro, feita a atualização anual, o ponteiro de minutos repetiu a situação do ano passado, mostrando estar a apenas 90 segundos da meia-noite, havendo, portanto, de acordo com os cientistas um momento de perigo sem precedentes.
Estamos “mais perto de uma catástrofe global do que nunca”, disse a presidente do “Boletim de Cientistas Atômicos”, Rachel Bronson.
Por que essa visão alarmista de uma catástrofe global? Rachel Bronson explicou seus temores “A guerra na Ucrânia representa a ameaça constante de uma escalada nuclear, e o ataque de 7 de Outubro e a guerra em Gaza são mais um exemplo dos horrores da guerra moderna, mesmo sem a escalada nuclear”, lamentou Bronson. “Os países que possuem armas nucleares estão aplicando programas de modernização que poderão levar a uma nova corrida às armas nucleares.”
Mas não é só! As anunciadas mudanças climáticas já estão se manifestando no planeta com inundações, deslizamentos, temporais, incêndios provocados pelo aumento da temperatura jamais registrados na superfície do globo.
Esse aquecimento da temperatura vem acelerando o derretimento das geleiras nas montanhas e nos polos com o consequente aumento do volume das águas nos mares e oceanos. Países, cidades e suas belas praias costeiras já estão ameaçados de desaparecem inundados.
A consequência com a diminuição de áreas habitáveis e produtivas será a migração em massa com a criação de conflitos com os países menos afetados. Essa perspectiva não tem sensibilizado as grandes indústrias e nem os países produtores de petróleo, numa espécie de insistência numa autodestruição. O risco é de o mundo ser destruído por um aquecimento global auto-infligido.
Para muitos observadores, a outra ameaça grave poderá ser a reeleição do ex-presidente Donald Trump. Com uma personalidade instável, irascível e egocêntrica, Trump terá o poder de decidir a utilização de armas atômicas, provocando respostas capazes de incendiar o planeta.
O outro perigo vem do Oriente Médio com países como o Irã governados por teocracias religiosas e organizações islamitas como o Hamas com objetivos de expansão e domínio mundial. A centelha capaz de incendiar o mundo poderá ocorrer nessa região. Outros fatores preocupantes são o retorno na Europa da extrema-direita, seu enxerto com os grupos evangélicos nos EUA e Brasil, o surgimento de uma islamização da esquerda entre intelectuais e o retorno do antissemitismo.
Quanto ao risco de nova ameaça sanitária, a Organização Mundial da Saúde (OMS), confirma que a Covid-19 é, ainda, uma ameaça global à saúde e que os países devem se preparar para enfrentar uma próxima pandemia, que pode ser causada por outro patógeno com potencial ainda mais letal que o SARS-CoV-2.
Indica, ademais, os fatores que aumentam o risco de surgimento de novas doenças:
1-a forma como lidamos com o meio ambiente,
2-os efeitos das mudanças climáticas,
3-as crescentes aglomerações urbanas e
4-o, cada vez mais intenso, fluxo global de pessoas e de mercadorias. (Fernando Ribeiro de Gusmão)