Depois dos acordos nucleares de Washington com Moscou, assinados na segunda metade do século passado (incluindo a redução dos arsenais atômicos) e, mais ainda, após o desmonte da União Soviética e a extinção do Pacto de Varsóvia, nunca o planeta esteve tão perto de um confronto militar global como nestes últimos meses. A invasão da Ucrânia pela Rússia, há cerca de dois anos, acendeu um estopim da disputa geopolítica entre os Estados Unidos, apoiado pela OTAN, e a Rússia, com o suporte diplomático e econômico da China e outros aliados de menor porte (incluindo a falsa neutralidade do Brasil). A guerra da Ucrânia parece estacionada. A Rússia não consegue avançar e nem sequer consolidar sua posição no Donbass, território oriental da Ucrânia, mas o governo ucraniano fracassou na grande ofensiva anunciada para a expulsão do exército russo deste território. Esta guerra reacendeu a velha rivalidade entre o capitalismo ocidental, liderado pelos Estados Unidos e a União Europeia, e o capitalismo selvagem, autoritário e mafioso de Vladimir Putin, que, vez ou outra, ameaça o mundo com seu enorme arsenal nuclear. A guerra da Ucrânia, com milhares de mortos e a destruição da infraestrutura, da economia e do patrimônio ucranianos, é a antessala de um grande conflito mundial.
O confronto se ampliou, dramaticamente, com o massacre da Faixa de Gaza pelas Forças Armadas de Israel, em resposta às atrocidades cometidas pelo Hamas, com o assassinato e sequestro de cidadãos israelenses. O Oriente Médio é um barril de pólvora, e o conflito árabe-israelense é um rastilho que espalha a violência pelos territórios do Levante, região com grandes reservas e elevada extração de petróleo do mundo, numa mistura de interesse econômico-comercial, diferenças culturais e fanatismo religioso. Síria, Irã, Iraque e Arábia Saudita juntam-se no apoio aos palestinos e à crítica da violência israelense, mas disputam acidamente a hegemonia no mundo islâmico. Para jogar mais petróleo na fogueira, os “houthies”, militantes xiitas do Iêmen, apoiados e armados pelo Irã, abriram nova frente de combate, com lançamento de misseis sobre navios norte-americanos que navegam pelo Mar Vermelho, uma das principais rotas de petroleiros do mundo. Em resposta, Estados Unidos e Reino Unido realizaram ataques aéreos conjuntos a bases militares dos “houthies” em território iemenita, provocando, por outro lado, dura reação do Irã.
Nestas condições, se não tivermos líderes sensatos (algo bem escasso), o mundo pode afundar numa escalada guerreira de difícil retorno. Quem vai se antecipar a apagar esta fogueira?
Só não concordo, amigos, com a expressão “falsa neutralidade do Brasil”. Por que “falsa”?
Situação muito complexa. Ambos os Governos deveriam se conscientizarem do risco eminente ás vidas humanas em todo o Planeta.