Começa o 74º. Festival Internacional de Cinema de Berlim – Berlinale e irá até 25 de fevereiro. Ainda em consequência da péssima política cultural do ex-presidente Jair Bolsonaro, que retirou apoio ao cinema, não há também neste ano filme brasileiro na competição internacional.
Um destaque é para o cinema iraniano, mais uma vez enfrentando a opressão exercida pela teocracia islâmica fundamentalista do Irã. Os realizadores do filme My Favourite Cake, Maryam Moghaddam and Behtash Sanaeeha, tiveram seus passaportes retirados, foram proibidos de ir a Berlim participar da apresentação do seu filme no Festival, sendo ambos objeto de processo relacionado com a realização do filme. O filme conta a história de uma mulher idosa, que ousa viver os seus desejos num país onde os direitos das mulheres são frequentemente restringidos.

Outro destaque foi a decisão da direção do Festival de Berlim, Berlinale, de retirar os convites de acesso ao festival, recebidos por dois deputados do partido da extrema-direita alemã.

O 74º Festival de Berlim é também o quinto e último festival em Berlim do diretor artístico Carlo Chatrian, o competente cinéfilo italiano, ex-crítico de cinema, que havia dirigido o Festival Internacional de Cinema de Locarno. Produtores, realizadores e artistas protestaram, em setembro, diante da incompreensível demissão de Chatrian pela ministra alemã de Cultura, Claudia Roth. Alguns vaticinam que, diante do escândalo provocado, o Festival de Berlim, também sujeito a cortes financeiros, poderá enfrentar boicotes e perder parte de sua importância, a partir de 2025. A nova diretora da Berlinale será a norte americana Tricia Tuttle.

Filmes brasileiros em Berlim

São quatro os filmes brasileiros no Festival Internacional de Berlim. Para quem já esqueceu, o cinema brasileiro ainda é convalescente e está começando a se recuperar da falta de apoio, durante os quatro anos do governo Bolsonaro.

Betânia (foto) Cena de Betânia – um dos filmes brasileiros no Festival de Berlim 2024 – https://www.berlinale.de/en/press/press-material/stills-panorama.html#lb247471-1

A maranhense Diana Mattos é a principal atriz do filme Betânia, de Marcelo Botta, na mostra Panorama do Festival de Berlim.

Depois de perder o marido, a parteira Betânia, de 65 anos, é persuadida pelas filhas a deixar a sua aldeia remota. Ela se aproxima das dunas dos Lençóis Maranhenses, no norte do Brasil, e se aventura num novo começo.

Na mostra Forum Expanded será exibido o curta Quebrante da realizadora Janaína Wagner. Dois resumos: Erismar, professora aposentada e espeleóloga, enquanto percorre as cavernas, ruínas e fantasmagorias da Rodovia Transamazônica – ainda uma cicatriz recente do sonho destruído da história do Brasil – retratando suas pedras e fantasmas. Quebrante explora as cavernas, ruínas e fantasmagorias da Rodovia Transamazônica no Brasil. Retratando suas pedras e fantasmas, o filme mergulha fundo na história e no presente desse projeto infraestrutural, iniciado na ditadura militar.

Na Mostra Geração estará competindo o curta da realizadora Carolina Cavalcanti, Lapso, com Beatriz Oliveira e Juan Queiroz. Dois adolescentes da periferia de Belo Horizonte, no Brasil, se encontram enquanto cumprem medidas socioeducativas. Através das experiências partilhadas de repressão por parte das autoridades estatais, aproximam-se lentamente.

Enfim, na mostra Encontros, concorre o longa-metragem Cidade;Campo, da realizadora brasileira Juliana Rojas, contando histórias de pessoas que migram da cidade para o campo e vice-versa. São atrizes Bruna Linzmeyer, Mirella Façanha e Fernanda Vianna.