Budapest by Ervin Lukacs na Unsplash

Budapest by  Ervin Lukacs na Unsplash

Estive duas vezes na Hungria. Minha curiosidade começou quando, em 1956, vi numa revista tanques da ex-União Soviética em ruas de Budapeste. Sufocando movimento popular contra a presença do exército soviético. Que queria manter a Hungria como satélite da antiga URSS. O mesmo que Putin faz, agora, com a Ucrânia.

A vontade de visitar aquele país aumentou ao ver, na TV, nos anos 80, documentário sobre a nação húngara e a cultura do país. Acentuando a culinária, a música folclórica e o rio Danúbio. Esse fascínio fluvial que todo recifense tem.

Pois bem. O prato mais conhecido da comida húngara é o goulash. Trata-se de carne de boi, picada, cortada em cubos, com cebola, pimentão, cominho, sal, farinha. E pimenta. Tudo fervido em água quente. A meu gosto, é uma delícia. (Numa das cidades ao redor de Brasília, tinha um restaurante húngaro que servia o goulash.)

Na primeira vez que fui a Budapeste, antes do jantar, passei no bar do hotel. Uma parede inteira coberta de garrafas de bebida. Naquela época, eu já tinha experimentado o absinto. Verde. Pensava que só existia absinto verde. Mas, vi uma garrafa com líquido azul. Perguntei ao garçon. Ele trouxe mais uma garrafa de absinto: com líquido vermelho. Fiquei sabendo da variedade de cores do absinto.

Na segunda vez, que lá estive, fui para o mesmo hotel. Antes do jantar, fui ao mesmo bar. Cumprimentei o barman e indaguei:

– Do you know Puskas ?

– Oh, yes, he was the best one.

Somente depois eu pedi absinto. E brindei a brilhante carreira do inesquecível centroavante do Barcelona, nos anos 60. O ataque era formado por Del Sol, Puskas, Di Stefano e Gento. Puskas passou a dar o nome ao prêmio de melhor jogador das temporadas europeias.

Nesta segunda vez, alugamos um carro com guia. E passamos o dia conhecendo a cidade, seus monumentos, o rio. O Danúbio é belo e poderoso. Largo, em certos trechos. E profundamente azul, em outros. Atravessa três capitais europeias: Viena, Belgrado e Budapest.

Mas o curioso do passeio, foi o guia. Passamos o dia todo conversando sobre os dois países: Brasil e Hungria. No final, parecia um painel de países em desenvolvimento com os mesmos problemas. Relacionados a falta de infraestrutura social, a corrupção política e povo de muita fé e sofrimento.

O Danúbio está na minha retina. E a Hungria, no meu coração.