Fogo

Fogo

Não é só o Brasil. Mas as queimadas são muito mais sérias no Brasil, pela importância dos seus grandes biomas, principalmente a Amazônia, a maior floresta tropical do planeta. E mais ainda, pela expectativa que foi criada em todo mundo pelo atual governo, pelos discursos do presidente Lula da Silva e pela presença de Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente. Neste ano, o Brasil está literalmente em chamas, o fogo queimando vastas extensões do território, por vários dias, cobrindo quase 60% do seu mapa, destruindo áreas agrícolas e reservas florestais, provocando uma enorme emissão de gases de efeito estufa e poluição atmosférica em grandes cidades brasileiras. É um desastre recorrente e que tende a se acentuar com o efeito das mudanças climáticas que elevam a temperatura do planeta e a secura do ar, que favorece as queimadas. O que se agrava com as práticas agrícolas inadequadas e atos criminosos de desmatamento pelo fogo, neste ano, contando com a atuação do crime organizado. 

O governo não é culpado pelas mudanças climáticas, resultado de um processo e de um conjunto de decisões políticas pretéritas, mas tem a responsabilidade da implementação de políticas e medidas eficazes e de grande impacto na prevenção das emergências, como os incêndios que estão queimando o Brasil. Mas, diante da extensão das chamas que se espalham pelo território brasileiro neste ano, o governo Lula da Silva parece desorientado e confuso. Se o País “não estava 100% preparado para enfrentar as queimadas”, como declarou o presidente Lula, o governo está mostrando total despreparo para responder à gravidade do atual desastre ambiental do Brasil. O governo fala em um Pacto Nacional, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, antecipa a criação do Conselho Nacional de Segurança Climática, e Lula anuncia a criação da Autoridade Climática para enfrentar as tragédias provocadas pelas mudanças de clima. É tarde, porque o governo tinha recebido vários alertas da gravidade da seca, e tudo isso é muito pouco, e de resultados duvidosos. Como afirmou Luís Fernando Guedes, da Fundação SOS Mata Atlântica, “Lula não é um negacionista, mas não colocou a questão climática no centro da agenda, e agora corre atrás do prejuízo”. A crise climática e a lentidão do governo no combate às queimadas têm também um efeito político e diplomático. Além dos biomas, as chamas estão chamuscando o governo do presidente Lula da Silva, e a imagem do Brasil, de líder mundial da defesa do meio ambiente.