ONU

ONU

Dentro de alguns meses, a ONU comemorará seus 80 anos de existência, porém aos festejos se juntarão muitas críticas, destacando-se sua incapacidade em impedir ou de colocar um fim em guerras e conflitos.

É o caso atual da invasão da Ucrânia pela Rússia, seguida de uma guerra entre os dois países, envolvendo países da União Europeia e, até à posse de Trump, os Estados Unidos.

Embora a ONU tenha criado, logo depois de sua fundação, o Estado de Israel, e tenha incentivado e participado das negociações com Yasser Arafat para partilha de terras e criação de um Estado Palestino, não foi capaz de garantir a execução dos Acordos de Paz de Oslo.

O enfraquecimento da Autoridade Palestina e o fortalecimento do movimento Hamas, contrário à existência de Israel, levou ao ataque de 7 de outubro contra kibutz israelenses próximos da fronteira com Gaza, revidado com invasão e severos ataques aéreos pelo governo israelense. A ONU não conseguiu convencer o Hamas a devolver os reféns e nem pôde impedir Israel de bombardear e destruir a Faixa de Gaza, com a morte de mais de 50 mil palestinos.

O programa de ajuda da ONU aos refugiados palestinos em Gaza e Próximo Oriente de ajuda alimentar, escolar e hospitalar, de sigla UNRWA, foi acusado de cumplicidade com o Hamas e perdeu uma grande parte das contribuições governamentais.

Os recentes cortes feitos pelo presidente estadunidense nas contribuições à ONU e à Organização Mundial da Saúde parecem comprometer a eficácia do organismo mundial, cujas decisões nem sempre são postas em prática.

Entretanto, mesmo com seus defeitos e suas limitações, os principais países, que a criaram em 1945, preferem um mundo com ONU do que sem um organismo regulador, capaz de prevenir e evitar crises maiores no planeta.
Além dos problemas decorrentes de sua dificuldade em impor a paz entre os países, a ONU se defronta agora com o problema financeiro de como manter suas estruturas sem o apoio dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, o mundo passa por uma mutação capaz de relançar nas grandes potências a ambição do domínio pelo expansionismo. A Rússia tem amedrontado a União Europeia que, consciente de sua fragilidade sem o apoio norte-americano, está lançando um programa de rearmamento. Por sua vez, o presidente estadunidense Donald Trump parece inspirado pelas ações do presidente William McKinley, no fim do século XIX, protecionista e expansionista, considerado pai do imperialismo norte-americano. Para ter o controle das vias marítimas, Trump deseja se apossar do controle do Canal do Panamá, se apossar da ilha da Groenlândia e tornar o Canadá uma extensão dos Estados Unidos.

Diante disso, António Guterres, secretário-geral da ONU, lançou um plano de reforma estrutural onusiana prevendo mais eficácia, revisão dos mandatos e uma reorganização geral. Isso vai exigir redução de custos, recentragem das funções administrativas e relocalização em lugares menos onerosos que Nova Iorque e Genebra.

A seguir, propõe-se uma diminuição dos mandatos de funções, mesmo porque uma grande parte existe em duplicata. Atualmente existem 3.600 mandatos, apenas ao nível do Secretariado.

Há também um plano de novas estruturas para o departamento de questões políticas e de operações de paz com o corte de 20% dos efetivos da ONU. Guterres afirma que certos ajustes serão dolorosos mas sem afetar os valores fundamentais da organização.