Depois de se omitir e se negar a assinar uma declaração do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, de repúdio à ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua, o governo brasileiro se limitou a manifestar uma tímida e complacente preocupação com a situação política daquele país. A declaração das Nações Unidas, partindo do relatório do seu Grupo de Peritos Independentes, condena, de forma veemente, a violação sistemática dos direitos humanos pela ditadura de Daniel Ortega, destacando que foram cometidas “sérias e sistemáticas violações” que podem ser consideradas crimes contra a humanidade, entre elas, tortura, execuções extrajudiciais e detenções arbitrárias.
Em pronunciamento posterior à reunião do Conselho, o representante brasileiro leu uma nota afirmando que “o governo acompanha os eventos na Nicarágua com a maior atenção e está preocupado com os relatos de sérias violações de direitos humanos e restrições ao espaço democrático naquele país”. Apenas preocupação com a escalada de violência e repressão é uma clara manifestação da tibieza e da tolerância do PT – Partido dos Trabalhadores, e do seu líder máximo, o presidente Lula da Silva, com as ditaduras que se autodeclaram esquerdistas. Como é sabido, Daniel Ortega se reelegeu em 2021 num processo eleitoral fraudulento, em meio à repressão e à prisão dos adversários com chances de vitória, levando ao paroxismo a violência governamental desde 2018. Na ocasião, ao contrário dos protestos e condenações de vários países e líderes políticos, inclusive figuras emblemáticas de esquerda, o PT transmitiu a Ortega congratulações pela sua “vitória” eleitoral. É lamentável (e, isto sim, muito preocupante) que o presidente Lula envolva o Brasil na sua amizade e afinidade ideológica com ditadores da América Latina.
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