Elimar Pinheiro do Nascimento >
As manifestações têm duas faces. Aquela que é mostrada insistentemte pelas TVs, com o intuito claro de intimidar as pessoas e de estigmatizar as manifestações. Interesse também dos governantes, em particular do Governo Federal, temeroso das suas repercussões sobre as eleições presidenciais do próximo ano, dadas como ganhas pelo PT. Ou apoiadas pela TV porque já alcançaram um público considerável. Mas há outras, como a que se passa no seio dos manifestantes, que já superaram a ordem de um milhão na quinta feira, 20. Alguns ja contabilizam mais de cinco milhões, todas somadas.
Há uma face de uma beleza extraordinária. É preciso estar lá, no meio de milhares de pessoas para ver como elas reagem. Presentes todas as “tribos” sociais. Há famílias inteiras: avós, filhos e netos. Há adolescentes em pequenos grupos, risonhos e de cara pintada. Há funcionários de empresas estatais e privadas de camisa social e mesmo de paletó (mas com a gravata no bolso). Há grupos de homosexuais. Pessoas com bicicletas, patins, skates. Há jovens namorados bisexuais e casais de cabelo branco. Há estudantes universitários e secundários. Jovens dos bairros ricos e pobres, uns vindo de carro e outros de ônibus da periferia. Vários enrolados em bandeira nacional. Há grupos de indígenas vestidos à carater, e aplaudidos. E muitas pessoas pintadas e fantasiadas. Várias com cartazes, de todos os tipos: “Tratamos uma merda por vez. Renan (presidente do Senado) agora é tua vez”; “1 estádio = 5 hospitais equipados”; “Queremos hospitais padrão FIFA”; “Abaixo a PEC 37 (que anula o poder investigativo do Ministério Público). Muitas pedindo o fim da corrupção. E a mais linda de todas: “Desculpem o transtorno, estamos mudando o Brasil”.
E como no carvanal, não se trata de um única manifestação, mas do encontro de muitas. Cada qual com o seu nome, como os blocos carnavalescos de Olinda. Alguns “blocos” antigos como a Marcha das Vadias (movimento em defesa dos direitos das mulheres e, sobretudo, do fim da violência) e o “Passe Livre”(movimento pela tarifa zero nos ônibus). Outras mais recentes como a “Marcha do Vinagre” (nascida por ocasião da prisão de um jornalista com uma garrafa de vinagre na bolsa, produto fundamental para diminuir o efeito das bombas de gás lacrimogêneo) e “Acorda Brasília”, de origem recentíssima.
As pessoas querem manifestar, exprimir nas ruas, uns para os outros, e para as TVs, que as evita, sua insatisfação com os demandos e as incompetências dos governantes. Indignados e irados, mas sorridentes e afetivos, solidários uns com os outros. Porém, mesmo na indignação a festa não pode faltar. Como me disseram alguns jovens em manifestação recente: “carrancudo e mal humorado não muda o mundo, não faz o mundo que queremos”.
Linda manifestação!
Elimar, não vejo o “intuito claro de intimidar as pessoas e de estigmatizar as manifestações”. Pelo contrário, sem o vasto noticiário essas manifestações não teriam existido.
Quem não viu as primeiras notícias da TV com as declarações dos políticos importantes estigmatizando os sadios manifestantes de vândalos? Só os amantes inocentes da ordem econômica e social capitalista mantida pelos anjos da TV. O professor Elimar infelizmente está correto.
Elimar
Acho injusta e equivocada a sua afirmação de que as TVs (assim mesmo de forma genérica)teriam mostrado as manifestações “com o intuito claro de intimidar as pessoas e de estigmatizar as manifestações”. É injusta porque as TV deram uma ampla cobertura desde o início e num crescendo na medida em que cresciam as próprias manifestações. E equivocada porque passa a impressão de que as TVs tem uma intenção de partida e maldosa. As TVs são muito mais complexo e fluido do que está implícito na sua análise, mesmo porque, é formada por jornalistas com diferentes visões de mundo e espaços diferenciados na produção e emissão da informação. Eu gostei muito da cobertura da TV, expressando a grande beleza dos eventos, embora reconheça que é mais emocionante estar no meio da massa. Sergio
Parabéns ao Elimar que descobriu a beleza das manifestaç?es. Esta é uma dimensão nova: iniciada com os caras pintadas, mas que adquiriu uma dimensão muito maior nesta guerrilha cibernética.
Cristovam
Acho que o Cesar e o Sergio têm razao. No momento que escrevi estava influenciado pela cobetura da sexta feira feita pela Globo em que as violências eram o grande destaque. E tambem por sua cobertura das manifestações de Brasilia, quando o Itamaraty foi atacado. Creio que as IVs tem mostrado coisas interessantes e repercutido as manifestações, mas a enfase no vandalismo e na violência me incomoda. Vou convidar alguns colegas a fazermos a analise dos noticiarios para ver até que ponto me deixei tomar por um momento especifico da cobertura da Globo. De toda forma, quando participo das manifestacoes aqui em Bsb e vejo o que sai sempre acho que nao retrata fielmente o que se passa.
Claro que as opiniões sao diferentes e os jornalistas também, mas o que sai no jornal nacional é uma decisao central, e nao particular de um jornalista ou outro. Reflete a editoria, que tem nome e endereço, e….ideologia.
De toda forma valeu para refinar a analise. Obrigado
Reforço aqui o pedido que já lhes fiz por e-mail!
Meus caros,
Vocês têm todo o direito de fazer da Revista Será sobretudo um lugar de encontro e celebração entre amigos – a internet é livre até mesmo para isso!
Mas, se decidiram não publicar os meus 3 comentários ao artigo de Elimar Nascimento, eu lhes peço, encarecidamente, para retirar o meu nome da lista de destinatários da revista.
Com um abraço,
Emilia
Cara Emília:
Não houve censura em seus comentários, eles foram filtrados pelo nosso programa antispam. Publiquei sua queixa para que seu e-mail fosse validado por este programa. Infelizmente não podemos ter o controle sobre esta filtragem – que não é ideológica – que segue algorítimos para avaliar se é spam ou não. Muitas vezes depende da origem do provedor do remetente.
Por favor, reenvie seus comentários para meu e-mail [email protected] a fim de que eu possa publicá-los.
Saudações
João Rego – Editor
foi provado que nao e so CARNAVAL E FUTEBOL o nosso povo e de briga, esses politicos que se cuidem que vem ai chumbo grosso e mais agora nao temos a interferencia de norte americanos nem de russos a guerra e nossa.
CHEGA DE GUERRA FRIA