Ataque em escola

Ataque em escola

 

Mais um caso de jovem criminoso atacando colegas e professores numa escola de São Paulo é um sintoma de crescente ansiedade da juventude brasileira e de tensões dentro das instituições de ensino do Brasil. Fenômeno que reflete a desestruturação social, a perda de valores e a intolerância social e política que disseminam um clima de ódio e desprezo nas escolas, principalmente no ensino médio. A violência e as tensões sociais e políticas contaminam o ambiente das escolas e confundem o sentimento da juventude. Depoimentos dos estudantes falam de alto nível de violência nas escolas, do bullying mais ingênuo às agressões físicas, que antecipam e preparam explosões agressivas de jovens assassinos. De acordo com pesquisa do Instituto Locomotiva em escolas públicas de São Paulo, 69% dos estudantes registram nível médio ou alto de violência, quase a mesma percepção dos professores (68%). Grande parte dos professores e dos alunos se sentem inseguros dentro das unidades de ensino e no entorno das escolas. 

O presidente do Instituto, Renato Meirelles, lembra que “esse clima de violência não começa por acaso. Quando nós temos jovens estudantes estimulados a resolver divergências através da violência e não do diálogo, a sociedade fica mais permeável a casos de violência. Isso se dá no estímulo a crianças fazerem o gesto de uma arma de fogo na mão, a movimentos baseados em mentiras, que estimulam crianças contra os professores”. Os educadores ressaltam, por outro lado, que os impactos psicológicos da pandemia nas crianças e jovens teriam ampliado os casos de ansiedade e depressão da juventude brasileira. 

Como sempre, depois deste último incidente, surgem propostas de controle e prevenção da violência que, embora sejam necessárias, não enfrentam a causa central do mal-estar da juventude e da escola brasileira. Colocar polícia dentro das unidades escolares, instalar detectores de metal na entrada das escolas, para impedir a entrada de jovens armados, são medidas muito drásticas e que podem ter o efeito inverso. Editorial do Estado de São Paulo afirma, com razão, que estas medidas podem “transformar a escola em teatro de guerra, algo indesejado para a educação das crianças”. Claro que devem ser adotadas medidas que impeçam a entrada de armas na escola, mas a estratégia para assegurar segurança e paz nas unidades de ensino passa, ante de tudo, pelo acompanhamento psicológico dos jovens e o monitoramento dos estudantes com sinais de desequilíbrio psicológico que leve à violência.