Joaquim Nabuco, em meio a tantas experiências de sua vida tão brasileira quanto cosmopolita, celebra, em “Minha Formação”, o benéfico impacto que lhe causaram os vastos e verdes parques londrinos. Ele assim nos fala: “[…] as imensas praças e os parques que se abrem de repente na embocadura das ruas, como planícies onde poderiam errar grandes rebanhos, à sombra de velhas árvores […] Este último é para mim o traço dominante de Londres: o estrangeiro suporia ter entrado no campo, nos subúrbios, quando está no coração da cidade […]”.
Nabuco gostaria de saber que o jovem prefeito do Recife, João Campos, vem inaugurando novos jardins e parques na capital pernambucana. Além do aspecto paisagístico e estético, os jardins, como sabemos, são simbolicamente tão fontes quanto ideais e tanto se enraízam no mito quanto na História. Não por acaso, em várias mitologias, o mundo começa por um jardim. Além disso, nos dias que correm, tornam-se ecoturísticos e uma necessidade que mitiga as tensões da vida contemporânea. No mais, a neurociência prova o que todos nós já suspeitávamos: que estar junto da natureza faz bem à saúde e é favorável a nossos saturados neurônios, propício a restaurar nossas exauridas forças.
Não resisto a este trocadilho: o prefeito João faz jus a seu sobrenome, que, antes de ser político, pertence ao domínio da natureza: Campos. Precisamos de verdes campos, de floridos campos e de campinas onde possa correr o nosso infante futuro. A população agradece. Praças são democráticas e, no dizer de Castro Alves (que, aliás, morou no Recife), são do povo como o céu é do condor.
Com a recente inauguração do Jardim do Poço e do Parque da Tamarineira, o Recife refresca-se. Amplia o seu verde e os seus espaços de convivência. Às velhas árvores seculares vêm se irmanar as jovens árvores recém-plantadas. Criam-se e se aproveitam sombras, generosas e úteis. Lembro que Gilberto Freyre, em “Sobrados e Mocambos”, lamenta a perda da influência oriental sobre as nossas cidades, pois essa perda implicava a desvalorização da sombra. Na sua juventude, Freyre já vira o Recife como uma cidade sem árvores, sem sombras. Onde estavam a jaqueira, a gameleira, a fruta-pão, a mangueira, à sombra das quais tanto se vivera nos tempos de outrora? Na capital e no interior de Pernambuco, a monocultura canavieira e colonial quase tudo matara. Com árvores e parques, com sombras portanto, nos livramos da insolação e da acidez da luz tropical.
Parques, praças e jardins são bem-vindos, todos eles com flores, com sombras, com fontes. Não queremos esplanadas vazias nem praças de touros. Precisamos de refúgios e recantos, de espaços de convivência e de troca, de aparelhos de lazer e de ginástica, onde os velhos rejuvenesçam, as crianças se divirtam e os jovens queimem sua energia por vezes sem rumo ou excessiva. Precisamos de flores para o encanto da vista, de bancos onde, como diria Guimarães Rosa, “confiar o corpo às nádegas” e de onde contemplar a vida em sua exuberância fenomênica. Permito-me enfatizar as flores: são educativas, são mestras de civilização, são amigas de pássaros, abelhas e borboletas. Elas e, claro, toda a vegetação, fazem a ponte com um mundo invisível, um mundo sem o qual, agora sabemos, não podemos viver.
Enfim, o Recife está em festa e criando “salões” para novas festas e novos amores, jardins para a vida que, no bom dizer de Vinicius de Moraes, “é a arte do encontro”. Que logo os adventícios e turistas, encantados como Nabuco no coração bucólico de Londres, possam saber, junto aos nativos da cidade, que o Recife, além dos líquidos pátios de seus rios e do seu verde mar, lhes oferece também novos jardins e parques para curtir e viver.
O atual prefeito do Recife, João Campos, para além do óbvio e justo interesse político (só os bárbaros desprezam a política, pois sua linguagem é a força) tem feito uma gestão impecável, no sentido de expansão das melhorias para as camadas mais pobres da população, quanto da eficiência da aplicação dos recursos, vistoriando in loco, os resultados. Quanto as críticas que ouço, em sua maioria infundadas, pela localização dos dois parques a que se refere o cronista, Tamarineira e Casa Forte, basta uma breve visita para que se observe que as academias dos condomínios de luxo continuarão repletas, e a praça continuará do povo, como o céu é do gavião.
Obrigado, amigo Glívio.
Virão outros parques!
Abraço
PG
Parques e jardins são bem vindos. Toda cidade eurpeia tem imensos parques no centro da cidade e bosques nos arredores. O Jardim de Luxemburgo no coração do Quartier Latin em Paris é um exemplo de beleza, paz e lazer para o pedestre.
Paulo Gustavo ama sua cidade ele parabeniza a renovação dos seus parques com novas árvores que trarão sombra e beleza. Recife é uma das mais belas cidades do Brasil.
Obrigado, amiga,
Por sua leitura e seu comentário.
Beijos