Encerrando uma campanha eleitoral dominada pela intolerância e pelo fantatismo, o Brasil escolhe, neste domingo, o futuro presidente da República. Ao vencedor cabe agora a responsabilidade de desarmar os espíritos, distensionando o ambiente político com um chamado duro às suas bases para o respeito às regras democráticas e aos direitos civis. Mesmo que o presidente eleito se comporte com a dignidade e serenidade exigida pelo alto cargo, não terá facilidade para modular o comportamento das suas bases, tendo em vista os altos decibéis de agressão, ameaças e provocações grosseiras da campanha. E do perdedor espera-se agora o reconhecimento da legitimidade democrática, aceitando o pronunciamento das urnas e se preparando para exercer uma oposição responsável e qualificada. O que também será bem difícil considerando que, ao ódio incentivado na campanha, se somará o ressentimento da derrota. Apesar das tensões do confronto desta complicada campanha eleitoral, até agora a democracia venceu e se fortaleceu pelo funcionamento normal das instituições que garantiram o equilíbrio e a lisura do pleito eleitoral. Para o futuro, a consolidação da democracia vai depender do novo governo, da sua capacidade e disposição de se despojar do discurso agressivo e desrespeitoso das minorias, do seu respeito às instituições, e da sua postura de negociação e entendimento com o Congresso. Os perdedores também têm grande responsabilidade no fortalecimento da democracia brasileira, atuando como oposição vigilante e ativa, mas sempre valorizando os espaços institucionais de disputa politica. O momento delicado que vive o Brasil, mergulhado numa grave crise econômica e fiscal, com seus lamentáveis desdobramentos sociais, pede serenidade (sacrificada na campanha eleitoral) e responsabilidade de todas as lideranças políticas brasileiras. O perfil da nova Legislatura, com a fragmentação de partidos e convivendo com o velho fisiologismo e um novo fanatismo, já um grande desafio para a governabilidade. Governabilidade que será indispensável para a gestão fiscal e para a implementação de reformas que recuperem a capacidade financeira do Estado brasileiro. Serenidade é a palavra de ordem.
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Muito bom.
Governabilidade feita de animo sereno.
Excelente. Estou compartilhando no Facebook e Instagram
Boa chamada, bastante pacificadora!
Também gostei e vou estimular a divulgação, mas… Pô, sempre há um, “mas”.
Sinto falta de uma conclamação para que os serenos democratas, depois de divididos, turno a turno, se juntem para uma efetiva resistência democrática. É possível que haverá muitos azombados no novo governo e dentre os seus apoiadores. Estes já se azombaram, tipo liberou geral, durante a campanha eleitoral, avaliem depois da posse.
Não sei se a Sera? seria o veículo para isso. Seus ledores são serenos e azombados. Mas estou empenhado no que expus e aproveito o Editorial para meter-lhe um bedelho.
Muito bom, o Editorial da Será?, nesta hora ainda confusa. Agora é respeito ao resultado das urnas. E lembrar de uma frase mineira que Fernando Gabeira citou para orientar uma política mais tranquila: “As ideias brigam, as pessoas não.”
Não sou muito de família, não é uma instituição que me diga grande coisa. O que não quer dizer que não goste de meus familiares. Mas desde sempre prezei mais o convívio com muitas famílias, com os vínculos estendidos que se esparramam por sobre outras famílias, outras cidades, outras nações. Foi o que de mais perene me ficou do ideal kibutznik de juventude. Feita essa digressão bastante dispensável, vejo que Bolsonaro vai ter problemas sérios por conta de sua tigrada doméstica. Na emulação do mito Trump, pouco importa a advertência de Obama de que a presidência não é um “family business”. No momento em que escrevo esse comentário, vejo que um dos filhos do presidente eleito, já anda acenando para os italianos com um presentão, que nada mais seria do que a extradição do criminoso Cesare Battisti. Alto lá! O rapaz não pode se meter em assuntos que são da alçada da justiça, quando muito de seu pai, e só depois de investido da função. Agrava o aceno o fato de vir tisnado de certo sadismo, como se lhe desse prazer jogar alguém às feras, mesmo que este alguém seja um assassino. Portanto, convém que um mentor se tranque com a família numa sala e comece a lhe dar noções de compostura. Tudo o que falta ao Brasil para subir ainda mais alto no pódio do ridículo é ter mais adiante um impasse no Congresso por conta de transbordamento éticos dos primeiros-parlamentares. Fica o registo vão.
Abraço,
FD