A federação brasileira é um monstrengo com excessiva e irracional concentração e centralização da receita (cerca de 60% do total vai para a União), tornando Estados e Municípios totalmente dependentes e reféns do governo federal; os 27 Estados ficam com algo em torno de 25% e os 5.565 municípios dividem os restantes 15%. O resultado é a patética revoada de governantes para busca de recursos em Brasília, provocando uma grande ineficiência, a dependência e as adesões políticas espúrias, além das malfadadas emendas parlamentares. A distribuição dos royalties do pré-sal aprovada pelo Congresso é um arremedo: não enfrenta o desequilíbrio da estrutura federativa e ainda violenta o conceito de royalty, que é uma compensação aos Estados e Municípios afetados pelo uso e pelos eventuais prejuízos da exploração dos recursos naturais. Em vez de uma reforma profunda do sistema federativo com uma desconcentração radical das receitas e das responsabilidades dos entes federativos, o Congresso dilui os royalties (estimativa de R$ 54 bilhões em 2020) na vala comum dos orçamentos públicos estaduais e municipais, medida imediatista para compensar a queda dos Fundos de Participação.
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