Enquanto milhões de brasileiros se mobilizavam nas ruas exigindo serviços públicos de qualidade, condenando a corrupção (inclusive na construção das Arenas da FIFA) e manifestando descrédito com os políticos, nos gramados das Arenas da Copa das Confederações se formava uma seleção de futebol de qualidade, eficiente e competente. A seleção conquistou a Copa das Confederações de forma convincente e emocionante, despertando a euforia dos brasileiros nos estádios, nos bares, nos lares e nas ruas. Eh! Nas mesmas ruas das passeatas e, provavelmente, os mesmos participantes. Qual a relação entre os dois eventos, além dos protestos contra os desperdícios e desvios na construção das Arenas? De imediato, a competência e a visão estratégica de Filipe Scolari, sua capacidade de liderança e compromisso na formação de uma equipe e de um projeto nacional rumo à Copa 2014, denunciam o descompromisso, a irresponsabilidade e a incompetência dos governantes e dos políticos brasileiros. Em pouco menos de 8 meses, Filipão transformou um punhado de jogadores sem motivação e sem nenhum senso de equipe, que vinha de um desempenho medíocre nos jogos oficiais e amistosos, em um grupo coeso, integrado, com disposição e disciplina tática, com emoção e dedicação. Do lado de fora, Filipão construiu uma sintonia da seleção com a população brasileira, mobilizando os sentimentos coletivos em torno de um objetivo geral e comum. O que já tinha demonstrado em Portugal e confirmou agora no Brasil: seu talento para despertar a paixão nacional em torno do espetáculo do futebol, tudo que falta aos políticos para representar os brasileiros e promover a qualidade dos serviços públicos. Como um eco das manifestações de rua, Filipão parecia clamar: “Vem pro campo, vem!”
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