David Hulak

Vai chover em Março? Haverá “inverno” em 2014?

Sete anos de pastor Jacó serviu a Labão, serrana bela, mas não servia a ele, servia a ela que por prêmio pretendia. Mas engurupiram o pretendente e entregaram-lhe Lia, a irmã mais velha que poderia ficar para titia, ao invés de Raquel. E tome mais sete anos de pastoreio para o Jacó.

José profetizou para o Faraó sete anos de vacas magras e outros tantos de vacas gordas.

Persiste a crença dos sete anos de seca e sete de terra molhada neste Nordeste velho de guerra. Já li muito sobre seca, até estudei o fenômeno e boas estatísticas detonam aquela lenda. Cinco em cinco, sete em sete, dez em dez pouco importa. Seca sempre vem e virá.

Depois da descoberta das crianças El Niño e La Niña, melhoraram as previsões, mas agora tem o tal aquecimento global que veio para confundir.

De qualquer forma há boa ciência de climatologia e meteorologia no país e em particularmente em Pernambuco.  O IPA- Instituto Agronômico de Pernambuco desenvolve excelente trabalho nessas áreas, em rede com observadores de todo o mundo.

Assisti, em 2011, palestra esclarecedora e preocupante de uma das suas pesquisadoras, Doutora Francinete Francis Lacerda. Desde 2010 havia apresentado consistente estudo demonstrando que a atuas seca seria rigorosa e iria durar muito. Não fazia previsões de longuíssimo prazo e, cientista, evitava a cabala dos sete anos. Mas, como disse então, iria durar, como de fato dura até hoje.

Recentemente outra doutora, da Rural, Professora Werônica Meira, apresentou pesquisa que demonstra que a temperatura em Pernambuco nos últimos cinquenta anos aumentou 1,02 graus graças ao desmatamento e a urbanização, caótica no meu entender.

Mandacaru não fulorou e nem Asa Branca voltou, dizem meus amigos do entorno de Tacaratu. Fulorarão e voltarão dia desses, se D`eus quiser.

Mas o que está sendo pensado, no entanto, para os próximos anos de chuva que certamente virão?

Como recuperar o que foi destruído agora? O que fazer além de perfumarias?

Já há toda uma logística para cisternas, caminhões tanque e as mais diversas bolsas, estas que atualmente evitaram levas de migrantes. Poderá ser mobilizada na próxima estiagem, de novo, ad aternum.

Mas qual a política para aproveitar a caatinga e o sertão como geradores de atividades econômicas diversificadas?

Esses biomas apresentam oportunidades que, por sua própria natureza, sem tentar transformá-las em Zonas da Mata ou em províncias de áreas temperadas, podem ter mercado.

É tarefa Identificá-las, estabelecer e adequar tecnologias e infraestrutura de produção inovadora e logística que permitam acesso a mercados promissores.

Irrigação, canais, ferrovias patinam por conta da incapacidade de fazer e pela tal falta de “vontade política”. Seria trocar um Trem Bala por uma Transnordestina?

Mineração, inclusive de pedras semipreciosas – hoje contrabandeadas à farta -transformáveis em joias e bijuterias; turismo eco e histórico; fármacos; economia criativa transformada em produto e serviço através do audiovisual  além de outras oportunidades a identificar ( sem ser através de crônica na “Será?”) serão viáveis?

Há uma agricultura “semiárida” possível, mesmo sem irrigação? Feijão e milho é que parece  que não.

É possível “reflorestar” a caatinga por manejo racional sem tentar empurrar vegetação exótica e  isso possibilitaria continuar a queimar lenha que tem adequado poder calorífico para várias atividades de pequeno porte?

‘… esse fenômeno extraordinário  de adaptação da flora ao clima , a caatinga representa toda uma riqueza…Ainda não se pensou em criar uma economia da caatinga…ela encerra ainda muitas possibilidades”, disse Celso Furtado em 1959 em palestra sobre a Operação Nordeste e tentando “vender” a SUDENE.

Se tudo isso faz sentido, a SUDENE  teria hoje um papel nobre para articular os  estudos e investimentos necessários para a diversificação econômica do semiárido

Sei lá, não sei não.

Só sei que, com reeleição, o projeto de cada partido é de pelo menos oito anos no poder. Há ainda os que querem um governo de mil anos.  Mas ficando apenas nos oito, sete está incluso.

Tem tempo.