Com o Proálcool, ambicioso e bem sucedido programa criado pelo inquieto e criativo físico Bautista Vidal (falecido em junho último), o Brasil praticamente inaugurou a era da energia de biomassa em substituição da gasolina. Combustível renovável, na medida em que usa a cana-de-açúcar como matéria prima, a combustão do álcool é bem menos poluente que a gasolina, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa. Pela liderança e domínio da tecnologia, até alguns anos atrás, o Brasil apostava em ser um grande exportador de álcool combustível para o mundo em busca de biomassa. Ao contrário, contudo, o Brasil está agora importando álcool dos Estados Unidos, onde é produzido a partir do milho com custo muito superior ao das nossas destilarias. Ocorre que a demanda do álcool flutua de acordo com o volátil preço concorrente da gasolina, e no meio de caminho está a Petrobrás e a política do governo (sócio majoritário) segurando artificialmente o seu preço por motivações político-eleitorais e para conter as pressões inflacionárias. Por outro lado, a produção do álcool é influenciada pelos preços internacionais do açúcar, de modo que o mercado se move dentro do instável intervalo do preço interno da gasolina e o do açúcar. A política energética que pretenda favorecer a energia renovável da biomassa tem que atuar nas duas pontas: subsídio ao preço final do álcool para concorrer com a gasolina e incentivo à produção do combustível e utilização de estoques reguladores. O governo vem atuando de forma torta: controla e contrai o preço da gasolina mas deixa o álcool à mercê do mercado. No momento, está desmontando o programa do álcool. Se o petróleo é nosso, o álcool parece que é norte- americano.
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o que tinhamos que fazer e usar somente o alcool e vender todo o pretroleo,
Em sendo comentário não cabe um título.
Vai o que titularia um artigo: A auto-INsucifiencia de combustíveis no Brasil.
O grande déficit nos negócios com o resto do mundo do ano passado embute o saldo negativo da conta petróleo, um grande vilão.
Estamos importando mais do que há sete anos passados quando, banhado em óleo, o Presidente de então declarava na TV a tal auto-suficiência. Ano após ano aumenta o buraco.
Petrobrás, a que fura buracos não os consegue fazê-los apesar da identificação de gigantescas jazidas. Os motivos para tanto não cabem aqui. Os atentos leitores da “Sera?” que, infiéis, leem também jornais e revistas, espiam o Jornal Nacional e até ouvem Miriam Leitão na CBN, estão cansados de saber.
Exportar o que vem dos buracos atuais está difícil. O que sai não é muito, sendo de variável qualidade para os motores.
Os papa-oil recordistas mundiais sacaram e transformaram em business o Xisto e a economia lá deles está se recuperando devagar.
Atender a mega frota de “este-carrro-é-meu” estabelecida por graça divina ou pelo crédito fácil, consome, bebe, gasta gasolina nos múltiplos engarrafamentos.
As importações de álcool combustível podem chegar a um bilhão e até 1,5 bilhão de litros este ano na entressafra do sul-marivilha, mecanizado e high-tech. e o que vamos comprar, derivado do milho, que é mais caro, está até em conta.
Lá a safra é de abril a dezembro. Já acabou, mas pode esticar ou tanto. Aqui no Nordeste os caminhões carregando cana pela BR 101 duplicada e pelas vicinais rodarão de agosto a março.
As usinas moerão a cana para fazer açúcar e não etanol,mas isto dá outro artigo de quem entende, com epigrafe de Ascenço Ferreira.
¹ Bautista Vidal- se algum leitor pouco avisado não souber dele e acho que não os há, deveria ver no Google- cantou a bola do etanol, batalhou por um Proálcool e avisou que se não se fizesse o que deveria ser feito daria na merda que está dando.
A simples equiparação do preço da gasolina aos valores praticados no mercado internacional, já seria suficiente para alavancar os negócios do etanol. Com a contenção via controle do governo, além da Petrobrás, o etanol também paga o pato. É a contínua intervenção estatal na economia em detrimento das forças naturais.
Nos últimos 10 anos, o setor sucroalcooleiro se expandiu e ocupou regiões de maior produtividade agrícola. As plantas industriais também evoluiram tecnologicamente, junto com o parque de bens de capital que é o mais desenvolvido do mundo. Produzimos equipamentos de alta tecnologia, como caldeiras, difusores, moendas, sistemas de transmissão, de fabricação de açúcar e álcool. E atualmente, avançamos significativamente na cogeração de energia elétrica, embora sem um apoio expressivo dos órgãos governamentais.
No entanto, em que pese toda estas vantagens e muitas outras, o preço do etanol é submetido ao da gasolina, que é, por sua vez, submetido aos índices inflacionários. Atualmente, só as grandes corporações, muitas delas formadas com o capital das grandes tradings estrangeiras, participam do jogo no mercado sucroalcooleiro. Hoje em dia, unidades com moagem de 1,5 milhão de toneladas anuais de cana são insignificantes e precisam estar associadas a mais 2 ou 3 semelhantes para conseguir negócios razoáveis. E, progressivamente, se deterioram, pois plantam cada vez menos, reduzem sua safra, não investem em equipamentos. Pernambuco, com exceção de no máximo 5 usinas, é um parque em extinção, sucateado, que pode levar 50 anos para fechar, ou até não fechar, se arrastando penosamente, mas que já não faz parte do jogo de gente grande.
Se o governo usasse 5% do que investiu no Eike Batista, ou nas empresas que quis transformar nas ¨multinacionais nacionais de primeira linha¨, ou ainda na montagem da Copa do Mundo e das Olimpíadas do Rio, para sanear o setor sucroalcooleiro, fazendo uma faxina capitalista, deixando os preços falarem por si mesmo, afastando as tradicionais e incompetentes famílias que ainda dominam o setor, poderíamos ter uma agroindústria moderna, que emprega muita gente, que é relativamente descentralizada, que utiliza uma matéria prima testada e aprovada há mais de 400 anos, extremamente resistente e adequada ao nosso solo. A Odebrecht e a Cosan, e outras de menor porte, tem mostrado que isso é possível, mesmo dentro de um cenário desestimulante como o atual.