Superamos a ditadura, implantada há 50 anos, mas a democracia está enferma. Embora tenhamos instituições democráticas sólidas, a política vem sendo um grande negócio no qual se vendem e compram votos do eleitor e votos de parlamentares, se negociam cargos e liberação de recursos públicos e comissões de todo tipo. Por conta disto, as eleições são um mercado de votos com retorno econômico e parte do negócio se manifesta nas doações, principalmente doações de empresas que esperam retorno futuro. De acordo com a Transparência Brasil, citada pelo Estado de São Paulo, as eleições de 2012 custaram quase dois bilhões de reais, sendo 34,9% financiados legalmente por empresas privadas. A maioria do STF-Supremo Tribunal Federal aprovou esta semana a proibição total de doações de empresas para financiamento de campanha eleitoral, embora ainda seja incerto se aplicada às próximas eleições. Embora correta, a decisão não resolve o problema e provavelmente aumentará a parcela das doações “não contabilizadas”, para usar  de um eufemismo para designar doações ilegais. Esta forma de doação não legal reforça o compromisso dos candidatos com os doadores, numa cumplicidade promíscua e pouco republicana. A questão de fundo é outra e muito mais profunda: a utilização de poderosas máquinas publicitárias que manipulam a opinião pública e despolitizam o debate político, transformado o processo eleitoral num espetáculo midiático de imagem, som e animação. Por isso a busca desesperada de tempo de televisão (alguns minutos mais podem sempre ser comprados no mercado político com a moeda de cargos e favores), e dinheiro, muito dinheiro para montagem do espetáculo de marketing que vende candidatos como quem seduz o consumidor para uma marca de pasta de dente.