Primeira constatação: o sistema representativo da democracia brasileira vive uma grave crise com o Congresso totalmente descolado da sociedade, dos problemas e dos desafios do Brasil, deputados e senadores ensimesmados nos seus interesses privados. Segunda constatação: a revolução na tecnologia de informação e comunicação criou um espaço amplo e rápido de manifestação direta da visão de mundo e dos interesses do cidadão e dos diferentes grupos da sociedade, as redes sociais funcionando como meios de participação e pressão política. Estas duas constatações abrem uma reflexão sobre novas formas de representação e participação na democracia brasileira. A dúvida: o que fazer para fortalecer a democracia no Brasil? Democracia direta, cada cidadão e organização com seu smartphone opinando e votando? Não, não é viável nem operacional nas escalas e na complexidade da sociedade moderna e dos problemas e escolhas políticas. O aumento da participação social nestas diferentes formas pode gerar mais controle e pressão social sobre os representantes, mas será sempre difusa, imprecisa e de difícil avaliação do peso, da representatividade e da legitimidade. A Politica Nacional de Participação Social lançada recentemente pelo governo brasileiro não trata da questão central na medida em que apenas estabelece algumas regras de relacionamento da sociedade organizada com o Executivo federal. A democracia brasileira está ameaçada pela crise de representatividade do Congresso. E esta demanda uma reforma política radical: redefinição da estrutura partidária, para acabar com os partidos de aluguel, reforma do sistema eleitoral, para evitar a farra do poder econômico e a mentira dos shows publicitários, e a eliminação das negociatas e da promiscuidade dos parlamentares com seus financiadores e com o Executivo.